Cristina Campos Presidente do Grupo Novartis, Portugal

“Comandar e controlar” vs. “Empoderar e confiar”

05/04/2020

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“Comandar e controlar” vs. “Empoderar e confiar”

04/05/2020 | Covid 19, Opinião

Uma crise como a que vivemos este ano apela ao melhor de cada um de nós. É assim que a encaro. Como uma oportunidade para nos reinventarmos como indivíduos para servirmos melhor quem necessita do nosso cuidado. Uma oportunidade para, para além da sobrevivência de curto prazo, criarmos resiliência para o médio e longo prazo e, se possível, para impulsionarmos a transformação das organizações onde trabalhamos para que se tornem mais competitivas no cumprimento da sua missão e influenciarmos o ambiente que nos rodeia na tentativa de contribuirmos para o renascimento de uma economia e de uma sociedade mais saudável e sustentável.

Ao responder recentemente a um questionário sobre a mudança exigida e necessária nos tempos que vivemos, deparei-me com uma questão que me fez pensar mais do que as restantes: “Como líder, nestes tempos inesperados, o que pensa ser mais importante na gestão da sua equipa, a partir de casa”? A resposta era de escolha múltipla, mas nada fácil, pois tudo parecia importante. Por outro lado, vivemos tempos de paradoxos radicais que nos colocam numa dança entre extremos aparentemente opostos como o negócio vs. as pessoas, a economia vs. a saúde, o curto vs. o longo prazo, etc. Tem sido esta gestão de polaridades e procura constante do melhor equilíbrio ou até de novos patamares que não obriguem sempre a optar entre alternativas e a fazer trade-offs que tem orientado a minha energia para procurar elevar o pensamento e procurar conciliar opções que são interdependentes.

Uma das questões que me colocam muitas vezes é como é que eu sei se as pessoas estão a trabalhar se não estou a “controlar de perto”. Em termos de liderança e de cultura organizacional, este é mais um paradoxo que temos de gerir. Sermos obrigados a escolher entre “comandar e controlar” vs. “empoderar e confiar”. Se é verdade que em alguns tipos de trabalho, em algumas fases do nosso desenvolvimento ou até em alguns momentos críticos, o “comando e controlo”, o foco no processo (quando e como) poderão ser incontornáveis, também é cada vez mais verdade que as pessoas procuram autonomia para fazerem a diferença e, assim, o foco terá de ser no resultado, no impacto gerado. Para tal, é absolutamente necessário ter pessoas capacitadas, preparadas e com um sentimento de contribuição para um bem maior, ou seja, com a clara noção de que o seu trabalho tem significado. Segundo Daniel Pink, os três vetores da motivação são a mestria, o sentido de propósito e a autonomia. Se estas três condições forem asseguradas, teremos colaboradores mais comprometidos com as organizações que, assim, terão mais sucesso.

Neste caminho de enorme exigência é absolutamente crucial cuidarmos de nós próprios, dedicando tempo para nós numa agenda atribulada. Para além dos desafios de negócio, de gestão e liderança temos também a nossa vida pessoal a precisar igualmente de ser reinventada. Liderar todos estes paradoxos exige que estejamos no nosso melhor, na vida profissional e na vida pessoal. O que me tem ajudado é procurar abandonar velhos hábitos e ser mais corajosa ou até ousada nas escolhas que faço. Dizer que “não” mais vezes, ser mais vulnerável, pedir ajuda ou admitir que apesar de “líderes”, somos acima de tudo “humanos” e não somos perfeitos. Por outro lado, felizmente não estamos sozinhos. Há uma comunidade enorme nas mesmas condições que nós, por vezes até em situações mais difíceis, e isso apura o sentido de entreajuda e de compaixão e quem tira partido disso torna-se mais forte. E por fim, no meu caso, tenho a honra de trabalhar com equipas de excelência e de alto desempenho com quem conto a cada minuto. Novamente, é uma questão de confiança que também se aprende e se conquista.

Recorrendo à melhor inspiração exterior e interior, à mais sincera compaixão e integridade, tenho procurado comunicar de forma consistente e aberta com as pessoas da organização, ajudar ao foco naquilo que realmente importa, transmitir tranquilidade, esperança e otimismo com um reconhecimento realista da situação. Esta autenticidade aliada a um enorme sentido de propósito, curiosidade em aprender e confiança nos que me rodeiam tem-nos ajudado a superar os desafios dos últimos quase 2 meses de confinamento e a preparar um “novo normal” que se quer mais resiliente e sustentável. Temos hoje uma organização ainda mais colaborativa e unida em torno de uma missão comum. Estou muito grata às pessoas que lidero, de quem cuido e a quem sirvo. Estou confiante que esta é mais uma crise que, como todas as outras, geram oportunidades que não podem ser desperdiçadas. Sabemos que não podemos mudar o contexto, mas podemos mudar a forma como reagimos ao mesmo. Estamos todos unidos numa guerra contra um vírus. Procurarei estar sempre entre os guerreiros. Espero conseguir transmitir um pouco desse espírito a quem me rodeia. Sei que vamos acabar sempre vencedores, começando pela aprendizagem deste caminho que seguimos.

O compromisso e a resposta da Novartis na luta contra a COVID-19

A Novartis tem vindo a anunciar um vasto conjunto de medidas para apoiar a resposta global à pandemia COVID-19, onde se inclui o Novartis COVID-19 Response Fund, que disponibiliza 20 milhões de dólares em apoios a iniciativas de saúde pública, destinadas a ajudar as comunidades a enfrentar os desafios colocados pela pandemia.

Em Portugal, a Novartis já doou 350 mil euros para o combate à COVID-19 no nosso país, nomeadamente: 215 mil euros à plataforma ‘Todos por quem cuida’, uma ação conjunta da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Farmacêuticos com o apoio da APIFARMA (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica) que tem como objetivo assegurar que todos os profissionais de saúde trabalham protegidos e com acesso aos equipamentos e dispositivos necessários para proporcionar os melhores cuidados a todos os doentes; e 135 mil euros ao Movimento tech4COVID para compra de 100 mil máscaras para profissionais de saúde.

A nível global, a Novartis co-lidera com a Fundação Bill & Melinda Gates um consórcio de empresas das ciências da vida que disponibilizam o seu conhecimento e recursos na luta contra a COVID-19. Este consórcio pretende acelerar o desenvolvimento, fabrico e disponibilização de vacinas, métodos de diagnóstico e tratamentos para a COVID-19. As 15 empresas estão a partilhar as suas bibliotecas de compostos moleculares, que tenham já alguma robustez de dados de segurança e atividade para rapidamente se avaliar o seu potencial na luta contra a COVID-19. Aqueles que verifiquem bons resultados nesta fase, avançarão rapidamente para ensaios, em menos de dois meses. Brevemente, esperam-se resultados deste esforço de partilha de bens, recursos e know-how na identificação de soluções eficazes para enfrentar a pandemia.

1 Comment

  1. Miguel Alçada

    Uma visão real e sustentada, numa atividade em que o propósito major é servir os doentes , esta análise crítica visa o profissional e o pessoal , no entanto e apesar de nos estarmos a reinventar é de facto uma oportunidade,na minha opinião e no que respeita á indústria farmacêutica teremos de manter os mesmos padrões de credibilidade para com os doentes, Medicos , farmacêuticos administrações e todos os players envolvidos numa área tão nobre como a saúde onde á indústria farmacêutica desempenha um papel fundamental numa fase tão extraordinária como a que vivemos, e isso terá de ser enaltecido pela sociedade, dada a cultura que a que estamos inseridos e sermos um dos povos do sul que são suscetíveis às relações pessoais e atualmente estamos privados do “toque”, teremos de ter a ambição e o propósito com resiliência e responsabilidade voltar ao novo normal e esse novo normal terá de ser a relação face to face com todos os Stakeholders com os cuidados exigidos … na minha opinião o digital nesta área de negócio nunca se irá sobrepor ao pessoal, vivemos de interações, vivemos de contato, só assim podemos credibilizar as organizações que representamos , só assim podemos estabelecer parcerias . É só assim conseguiremos ser mais produtivos , efectivos e construir um futuro melhor para os que necessitam das terapêuticas que disponibilizamos.

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