Consumo diário de bebidas açucaradas está associado a maior risco de doença cardiovascular na mulher

15 de Maio 2020

Segundo o “California Teatcher Study”, iniciado em 1995, o consumo diário de um ou mais tipos de bebidas açucaradas estava associado a uma probabilidade 26% maior da pessoa vir a necessitar de um procedimento de revascularização, como a angioplastia

As mulheres que bebem uma ou duas bebidas açucaradas por dia têm 20% mais probabilidades de desenvolver doenças cardiovasculares, em comparação com mulheres que nunca ingerem esse tipo de bebidas, de acordo com um estudo publicado no “Journal of the American Heart Association”.

Segundo o “California Teatcher Study”, iniciado em 1995, o consumo diário de um ou mais tipos de bebidas açucaradas estava associado a uma probabilidade 26% maior da pessoa vir a necessitar de um procedimento de revascularização, como a angioplastia, e 21% de probabilidades de ter um enfarte, em comparação com mulheres que raramente, ou nunca, tomavam bebidas açucaradas. Estas foram definidas como “refrigerantes calóricos”, “águas ou chás engarrafados e bebidas com frutas com adição de açúcar”.

Também houve diferenças com base no tipo de bebida consumida pelas mulheres. Ingerir uma ou mais bebidas de frutas com adição de açúcar diariamente foi associado a uma probabilidade 42% maior de ter doença cardiovascular. Consumir refrigerantes diariamente foi associado a um risco da ordem dos 23%, em comparação com aquelas mulheres que raramente ou nunca bebiam este tipo de refrigerantes.

O estudo incluiu mais de 106.000 mulheres, com uma idade média de 52 anos, que não estavam diagnosticadas com doença cardíaca, derrame ou diabetes quando se inscreveram no estudo.

As mulheres relataram quanto e o que beberam através de um questionário alimentar. Os investigadores utilizaram ainda os registos estatais de internamento hospitalar. As mulheres com maior consumo de bebidas açucaradas eram mais jovens, mais propensas a fumar, a ter excesso de peso e menos dispostas a mudar os seus hábitos alimentares.

“Embora o estudo seja observacional e não prove causa e efeito, supomos que o açúcar possa aumentar o risco de doenças cardiovasculares de várias maneiras. Aumenta os níveis de glicose e as concentrações de insulina no sangue, o que pode aumentar o apetite e levar à obesidade, um importante fator de risco para doenças cardiovasculares ”, referiu Cheryl Anderson, principal autor do estudo, professor da Universidade da Califórnia, em San Diego e presidente do Comité de Nutrição da “American Heart Association”.

“Além disso, muito açúcar no sangue está associado a stresse oxidativo e inflamação, resistência à insulina, perfis não saudáveis de colesterol e diabetes tipo 2, condições fortemente ligadas ao desenvolvimento da aterosclerose, subjacente à maioria das doenças cardiovasculares”.

Os pontos fortes do estudo incluíram o grande tamanho de amostra, um tempo de acompanhamento extenso, a recolha prospetiva de dados sobre bebidas com açúcar e das características do estilo de vida das mulheres. Além disso, a capacidade de vincular anualmente estes dados a registos de hospitalização resultou em parâmetros precisos.

O estudo não conseguiu, porém, avaliar o consumo de bebidas, quentes ou frias, que contêm adoçantes artificiais Embora os refrigerantes dietéticos possam ser uma alternativa para algumas pessoas que estão a tentar reduzir a quantidade de bebidas açucaradas na sua alimentação, incluem adoçantes artificiais como sacarina, aspartame, sucralose e outros. Os investigadores salientam que a água continua a ser a bebida mais acessível e saudável para beber regularmente, pois não tem açúcar, adoçantes artificiais, nem calorias.

JAHA/AO

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