Trump está a tomar hidroxicloroquina a título preventivo

19 de Maio 2020

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje que está a tomar, a título preventivo, um medicamento usado no tratamento da malária, cuja eficácia contra o novo coronavírus não está comprovada.

“Já o tomo há semana e meia […], um comprimido por dia”, disse Trump, na Casa Branca, surpreendendo os jornalistas.

Na mesma altura em que a prestigiada universidade americana Johns Hopkins, anunciava que os Estados Unidos ultrapassaram hoje a barreira dos 90 mil mortos por covid-19, Donald Trump estendeu-se em explicações sobre a opção de tomar hidroxicloroquina.

“Ficariam surpreendidos com a quantidade de pessoas que o tomam, em particular aquelas que estão na linha da frente. Não me vai fazer mal”, assegurou, recordando que a hidroxicloroquina (e também a cloroquina) é utilizada para tratar o paludismo há quatro décadas.

“Conhecem a expressão ‘o que temos a perder’?”, perguntou aos jornalistas. Já em março, Trump confessava que a possibilidade de a hidroxicloroquina poder “alterar a situação” era “muito excitante”.

Porém, não há provas da eficácia de nenhuma das substâncias usualmente utilizadas para tratar doentes com malária em doentes com covid-19, que já provocou mais de 316 mil mortos e infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Os Estados Unidos são o país com mais mortos (90.000) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,5 milhões).

Ao contrário, Agência Americana do Medicamento desaconselhou a utilização desses medicamentos “fora do meio hospitalar ou de ensaios clínicos, devido ao risco de complicações cardíacas”.

Segundo um estudo publicado no New England Journal of Medicine, a utilização de hidroxicloroquina não melhorou nem piorou significativamente o estado dos pacientes gravemente doentes com covid-19.

Por outro lado, um especialista das Nações Unidas já alertou para os riscos da utilização preventiva de cloroquina e hidroxicloroquina.

Em resultado dos comentários do Presidente dos Estados Unidos, muitos países começaram a adquirir e a usar as substâncias, embora sem provas suficientes da sua eficácia, o que “tem causado enormes tensões no mercado internacional e tem limitado o acesso a este produto”, assinalou Pedro Alonso Fernández, um dos maiores especialistas mundiais em malária.

LUSA/HN

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