Pedro Matos Cardiologista; Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal

Diabetes e hipertensão arterial

05/23/2020

[xyz-ips snippet=”Excerpto”]

Diabetes e hipertensão arterial

23/05/2020 | Consultório

A diabetes e a hipertensão arterial (HTA) são simultaneamente doenças crónicas e fatores de risco cardiovascular (FRCV) coexistindo frequentemente. A presença de HTA e outros FRCV associados à diabetes, aumentam o risco global destas pessoas, com consequências relevantes para os níveis de exigência das diferentes estratégias de intervenção terapêutica. Maior risco, maior exigência nos objetivos, maior premência na implementação de medidas e tratamentos adequados.

Os resultados não têm sido animadores para o controlo da diabetes, apesar do esforço global das diferentes estruturas governamentais e de saúde mundial, como a IDF. Para a HTA, as taxas de controlo na população em geral melhoraram bastante nos últimos 10 anos, mas o mesmo não se verifica nas pessoas com diabetes. Grande parte deste insucesso, resulta de fatores socioeconómicos, níveis de iliteracia e fraca comunicação entre os profissionais de saúde e a perceção que as pessoas têm da doença (awareness).

Na população com diabetes, a hipertensão é também mais difícil de controlar, quer pela presença de algumas complicações concomitantes (insuficiência renal, p. ex), quer pela resposta insuficiente dos fármacos.

Ao longo dos anos, os valores-alvo para um controlo otimizado da TA têm sofrido variações, com filosofias mais exigentes ou mais liberais. Atualmente, segundo as mais recentes recomendações internacionais, e tal como se faz para a diabetes, a decisão deve ser feita de forma individualizada. De um modo geral, os objetivos de tratamento, para a maioria dos casos são os 130/80 mmHg, podendo ser um pouco mais nas pessoas em grupos etários mais elevados e devendo sempre evitar as hipotensões.

Como as pessoas com diabetes têm, para além disso, uma prevalência acrescida de HTA noturna, um perfil que agrava o risco de eventos CV major, admite-se que possam haver mais casos que não são detetados, relativamente pouco sintomáticos. O recurso a aparelhos de medição arterial de 24h, como a MAPA, ajuda a despistar estas situações, pelo que se recomenda a sua utilização de forma mais alargada, pese embora a sua acessibilidade ser limitada no SNS. Alternativamente, o registo de TA pelo próprio doente em ambulatório, devidamente explicada pelo médico, permite ajudar no autocontrolo e no ajuste da medicação.

Um bom controlo de TA passa por identificar fatores precipitantes (apneia do sono, ingesta de sal e álcool, interação farmacológica) e selecionar os fármacos mais adequados. Mas o sucesso depende também da colaboração da pessoa. Aceitação, compreensão, adesão terapêutica (não interromper ou modificar o tratamento sem consultar o médico assistente), colaboração com os profissionais de saúde e empenho pessoal.

Se na diabetes a filosofia do autocontrolo está bastante implementada, o mesmo é preciso para a HTA.

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

AlmadaCare promove cursos para preparar futuros papás

A Clínica AlmadaCare, recentemente inaugurada, está comprometida em apoiar os futuros pais na preparação para a chegada dos seus filhos. É com este objetivo que a clínica promove o workshop “GPS Amamentação”, no dia 19 de abril, e o curso “T.I.M.E. para Nascer”, nos dias 21 e 27 de abril.

Ministra da Saúde solicita relatório sobre mudanças implementadas na área da Saúde

De acordo com o Expresso, a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, emitiu um despacho a solicitar à DE-SNS um relatório detalhado sobre as mudanças implementadas desde o início do mandato de Fernando Araújo. O objetivo é obter informações sobre as recentes alterações levadas a cabo pela DE-SNS e compreender melhor o modelo de Unidade Local de Saúde.

ESEnfC realiza hoje Encontro Anual do Programa de Doutoramento em Enfermagem

Arnaldo Santos e Gabriele Meyer estão hoje na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), onde falarão, respetivamente, sobre “Liderar em ciência: processos e dinâmicas de cocriação na era global e digital” (14h30) e “Passado, Presente e Futuro das Ciências de Enfermagem” (15h30).

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights