Reospitalizações por doença inflamatória intestinal custam mais de 3 milhões

27 de Maio 2020

Em Portugal, as reospitalizações por doença inflamatória intestinal (DII), que inclui a doença de Crohn e a colite ulcerosa, custam cerca de 3,1 milhões por ano, de acordo com um estudo a que a Lusa teve acesso esta quarta-feira.

O estudo, que teve como objetivo calcular o peso das reospitalizações de doentes que sofrem de doença inflamatória intestinal e identificar os principais fatores de risco, foi desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS.

Foram avaliadas cerca de 48 mil hospitalizações relacionadas com a doença registadas entre 2000 e 2015 através de uma base de dados administrativa fornecida pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

A DII é uma doença crónica mediada pelo sistema imune, cujas causas se mantêm por esclarecer, associando-se a custos económicos significativos, quer diretos (internamentos e tratamentos), quer indiretos (baixas médicas, perdas de produtividade e outros).

Coordenado por Cláudia Camila Dias e Fernando Magro e publicado no jornal científico Therapeutic Advances in Gastroenterology, o estudo conclui que 33% das hospitalizações por doença inflamatória intestinal registadas nos hospitais públicos portugueses são reospitalizações, tendo-se verificado um aumento de 12% nos 16 anos do estudo.

Ao todo, foram contabilizadas quase 16 mil reospitalizações por DII. A esmagadora maioria é por doença de Crohn (77%). Destes doentes, a maior parte tem idades entre os 20 e os 39 anos e é do sexo feminino.

O custo médio com essas reospitalizações também regista uma subida: dos 14.589 euros por hospitalização/ano, em 2000, passa-se para 17.548 euros por hospitalização/ano, em 2015. Só nesse ano, elas custaram 3,1 milhões de euros, o que é sensivelmente o dobro dos custos totais com as hospitalizações relacionadas com a doença, afirmam os investigadores.

Entre os fatores de risco para novas hospitalizações entre estes doentes estão a idade abaixo dos 20 anos e a ocorrência de doença penetrante (caracterizada por perfuração abdominal, fístulas ou abcesso) na doença de Crohn. Já na colite ulcerosa, salientam-se os hábitos tabágicos, a malnutrição, a anemia e a perda de peso, além da cirurgia de estoma (abertura feita no intestino).

A equipa, que tem Mafalda Santiago (investigadora da FMUP e do CINTESIS) como primeira autora e conta com membros do Grupo de Estudos da de Doença Inflamatória Intestinal (GEDII), conclui que estas reospitalizações têm de ser “monitorizadas de perto” e que devem ser feitos “esforços para reduzir os seus fatores de risco, de modo a melhorar a qualidade dos cuidados e, consequentemente, reduzir o peso da doença” no nosso país.

Estima-se que a doença afete aproximadamente 0,3% da população portuguesa, uma percentagem que “deverá aumentar nos próximos anos”, preveem os investigadores.

LUSA/ HN

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