Estudo conclui que monumentos se voltaram para ‘online’ e visitantes locais

3 de Julho 2020

Um estudo sobre o impacto da pandemia nos monumentos portugueses conclui que estes espaços recorreram de imediato às plataformas digitais para divulgar as atividades culturais e passaram a focar-se mais nos visitantes das comunidades locais.

O estudo “Os Monumentos Nacionais de Portugal e a Abertura ao Público: Impactos Decorrentes da Covid-19” foi realizado pelo Observatório Português das Atividades Culturais (OPAC) entre 17 de abril e 20 de junho.

As conclusões da equipa liderada por José Soares das Neves baseiam-se num inquérito enviado a 179 monumentos do país, que procurou identificar as atividades realizadas e medidas tomadas para fazer face às mudanças e desafios colocados pela pandemia.

Do inquérito, os investigadores concluíram que uma parte significativa dos monumentos demonstrou uma “rápida adaptação aos meios digitais”, que se tornaram o meio privilegiado de ligação aos públicos durante o encerramento, que decorreu entre 14 de março e 18 de maio.

Muitos fizeram uma “aposta muito forte em serviços ´online´” para continuar o seu funcionamento, uma “aposta alargada nas redes sociais”, designadamente o Facebook, o Instagram e o Youtube para manter o contacto com o público.

Ao nível dos visitantes, os museus inquiridos referem ter feito um direcionamento para públicos nacionais, locais e das comunidades, com alteração das atividades, e preparação dos serviços para os públicos, sobretudo os educativos.

Por outro lado, alertam, nas respostas, para a “necessidade de medidas e políticas públicas de turismo e da cultura para compensar a quebra de visitantes” provocada pela pandemia.

Ainda no plano digital, é apontado que “a utilização destes meios em larga escala demonstra ainda as fragilidades em muitos dos sítios, neste domínio, com carências tecnológicas e de infraestruturas e de recursos humanos capazes de funcionar eficazmente com as mesmas”.

Notaram que alguns monumentos não tinham serviços ´online´, e outros estavam sem serviços ´online´ autónomos, uma vez que estão dependentes da respetiva tutela.

O estudo incidiu sobre museus das regiões norte, centro, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve e Madeira, tutelados pelo Ministério da Cultura, autarquias e outras entidades públicas, Igreja Católica e entidades privadas.

Refere-se também que os monumentos aproveitaram o tempo do encerramento para investir em conteúdos digitais de diferentes tipos, culturais e não culturais, bem como a realização de atividades de manutenção dos espaços e dos acervos, e a realização de inventários, e a adaptação dos recursos humanos à nova situação.

Os investigadores apontam que, na preparação da retoma para as atividades presenciais, os monumentos inquiridos estão a fazer um esforço para reforçar os serviços ´online´ e para aumentar a qualificação tecnológica dos recursos humanos e dos equipamentos.

Ainda no plano dos visitantes, os investigadores concluíram, pelas respostas, que os monumentos “têm uma consciência alargada que o setor do turismo constitui uma mais-valia para a sua potenciação”, sobretudo de visitantes estrangeiros, cuja redução foi evidente desde o início da pandemia.

Por essa razão, “solicitam um maior apoio por parte das entidade estatais do turismo do que do setor cultural”.

Outra grande preocupação dos monumentos focou-se na necessidade de implementar medidas de segurança para funcionários e visitantes, em linha com as autoridades de saúde, “para transmitir aos visitantes potenciais uma sensação de segurança na sua visita”.

O estudo reuniu ainda os investigadores Sofia Macedo, Maria João Lima, Jorge Santos e Ana Paula Miranda.

O OPAC é uma estrutura do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, e funciona no quadro do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia.

LUSA/HN

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