Problemas de sono em criança podem significar distúrbios mentais em adolescente

3 de Julho 2020

Problemas de sono específicos entre bebés e crianças de pouca idade podem ser ligadas a distúrbios mentais em adolescentes, descobriu um novo estudo. Uma equipa da Escola de Psicologia da […]

Problemas de sono específicos entre bebés e crianças de pouca idade podem ser ligadas a distúrbios mentais em adolescentes, descobriu um novo estudo.

Uma equipa da Escola de Psicologia da Universidade de Birmingham estudou dados relativos a um questionário do estudo “Crianças dos anos 90”, um estudo longitudinal realizado no Reino Unido que recrutou mães grávidas de 14 mil bebés há quase três décadas.

Foi concluído que crianças mais novas que acordam frequentemente durante o sono rotineiramente e que possuam rotinas de sono irregulares estava associadas a experiencias psicóticas enquanto adolescentes. Também foi concluído que as crianças que dormiam menores períodos durante a noite e que iam para a cama tarde estão mais provavelmente associadas com transtorno de personalidade limítrofe durante os anos de adolescência.

A principal investigadora, a Dra. Isabel Morales-Muñoz, explicou que “era sabido de estudos anteriores que os pesadelos persistentes em crianças têm sido associados a tanto psicose como a distúrbio de personalidade limítrofe. Mas os pesadelos por si só não contam toda a história. Descobrimos que, de facto, um número de problemas comportamentais do sono em criança podem apontar para estes problemas na adolescência”.

Os investigadores examinaram dados recolhidos em questionários realizados a mais de 7 mil participantes que reportaram ter sintomas psicóticos na adolescência, e mais de 6mil que disseram ter sintomas de transtorno de personalidade limítrofe na adolescência. A informação analisada é do estudo “Crianças dos anos 90” (também conhecido por Estudo Longitudinal Avon sobre pais e crianças), dirigido pela Universidade de Bristol.

O comportamento no sono entre os participantes foi reportado pelos pais quando as crianças teriam 6, 18 e 30 meses, e mediu-se novamente aos 3 anos e meio, 4,8 anos e 5,8 anos de idade.

Os resultados, publicados na revista JAMA Psychiatry, mostram associações particulares entre crianças de 18 meses que tendiam a acordar mais frequentemente durante a noite e que tinham rotinas de sono menos regulares desde os seis meses de idade, com experiencias psicóticas na adolescência.

Os dados apoiam as provas existentes de que a insónia contribui para a psicose, mas sugerem também que estas dificuldades podem estar já presentes anos antes de ocorrerem as experiências psicóticas.

A equipa também descobriu que crianças que dormiam menos durante a noite e que iam para a cama mais tarde com a idade de três anos e meio estavam relacionadas a sintomas de transtorno de personalidade limítrofe. Estes resultados sugerem um caminho específico para crianças que avançam para a adolescência com transtorno de personalidade, um caminho diferente do ligado à psicose.

Por fim, os investigadores debruçaram-se sobre as ligações entre o sono nas crianças e distúrbios mentais em adolescentes, e se estas ligações poderiam ser mediadas por sintomas de depressão em crianças de 10 anos de idade. Foi descoberto que a depressão media as ligações entre os problemas de sono em crianças e a psicose nos adolescentes, mas esta mediação não é observada para os casos de transtorno de personalidade – sugerindo a existência de uma associação direta entre problemas de sono e o transtorno de personalidade.

O professor Steven Marwaha, autor sénior do estudo, acrescenta que “sabemos que a adolescência é a chave no período de desenvolvimento para estudar as bases de muitos distúrbios mentais, incluindo a psicose e o transtorno de personalidade. Isto é porque existem mudanças no cérebro e a nível hormonal que ocorrem nesta fase. É crucial identificar os fatores de risco que podem aumentar a vulnerabilidade de adolescentes ao desenvolvimento destes disturbios, identificar quem está em risco acrescido, e contribuir com soluções e intervenções eficazes. Este estudo ajuda-nos a compreender este processo e quais os alvos”.

“O sono pode ser um dos fatores subliminares mais importantes – e é um dos que podemos influenciar com intervenções atempadas e eficazes, por isso é tão importante compreender estas ligações”, conclui.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques

 

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