Fernando Pessoa e Almada Negreiros reúnem-se através das produções próprias da Casa, com a assinatura de Ricardo Pais

4 de Julho 2020

Turismo Infinito e al mada nada juntam-se em “palco” no TNSJ Dois “velhos” amigos e figuras expoentes da literatura portuguesa. Fernando Pessoa e Almada Negreiros têm encontro marcado na “sessão” […]

Turismo Infinito e al mada nada juntam-se em “palco” no TNSJ

Dois “velhos” amigos e figuras expoentes da literatura portuguesa. Fernando Pessoa e Almada Negreiros têm encontro marcado na “sessão” dupla que compõe a programação digital deste fim de semana do Teatro Nacional São João (TNSJ). Turismo Infinito, história de uma eterna viagem pelas várias escritas de Fernando Pessoa, e al mada nada, retrato caleidoscópico de uma tradicional vila portuguesa, que parte de Saltimbancos, de Almada Negreiros, vão guiar o público pela eloquente expressão do ecletismo artístico de Ricardo Pais. As peças vão ser transmitidas hoje, a partir das 22h00, de forma seguida, no site, no Vimeo (https://vimeo.com/showcase/tnsj), no Facebook e Instagram do São João. Os espetáculos ficam depois disponíveis para visualização até ao final do dia de domingo, 5 de julho.

Depois de se ter estreado em 2007, a “nave pessoana” de Ricardo Pais viajou por vários palcos internacionais, de São Paulo até Madrid, para voltar a atracar no seu cais original. Turismo Infinito é um mergulho na caixa negra que é a mente de Pessoa, reunindo várias personagens familiares, tanto heteronímicas como reais: Bernardo Soares, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, o próprio poeta e aquela que foi a única mulher com quem este teve um envolvimento amoroso conhecido, Ofélia Queirós. Durante o espetáculo, o espetador é transportado numa excursão profunda pela pluralidade de personalidades que coabitam o consciente de Fernando Pessoa.

Já nesse recreio criado com inspiração no outro “poeta d’Orpheu e tudo”, Almada Negreiros, exploram-se os recantos de uma vila portuguesa à beira-mar onde, num quartel, se preparam à pressa soldados para participar numa guerra longínqua e por onde passa uma família de ciganos que promove um espetáculo de saltimbancos. Em al mada nada assiste-se a uma transição de contraste para um cenário exterior que em tudo alude à celebração instintiva do corpo e da sensualidade, enquanto se pinta um melodrama da pobreza nacional da época.

“Querem mais diferentes que estes dois?” Esta questão, colocada por Almada Negreiros, falando de si próprio e de Fernando Pessoa, aplica-se agora aos dois espetáculos que são apresentados pelo São João. Divergindo em tema e assunto, Turismo Infinito e al mada nada estão, no entanto, unidos pela partilha do dispositivo cenográfico de Manuel Aires Mateus e pela encenação de Ricardo Pais.

O Teatro Nacional São João (TNSJ) é, desde 2007, uma Entidade Pública Empresarial, assumindo ainda a responsabilidade da gestão de mais dois espaços culturais da cidade do Porto: Teatro Carlos Alberto e Mosteiro São Bento da Vitória. O TNSJ é o único membro português na União dos Teatros da Europa (UTE), organização que congrega alguns dos mais importantes teatros públicos do espaço europeu, integrando o Conselho de Administração da entidade.

PR/HN

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