“A partir de Coimbra, celebramos um dia histórico para a arte contemporânea em Portugal”, afirmou Graça Fonseca, na abertura do Centro de Arte Contemporânea da cidade e da sua exposição inaugural.
Para a ministra, esta dupla cerimónia representa “o culminar de um longo trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo Governo e que contou com a inestimável parceria do município de Coimbra”.
Traduz, igualmente, “aquilo que é o futuro e o novo rumo” que as duas entidades querem dar à ex-coleção BPN, disse.
O novo equipamento cultural da autarquia, presidida por Manuel Machado, está situado num edifício reabilitado junto ao Arco da Almedina, no centro histórico, que resultou de uma parceria com o Ministério da Cultura.
A iniciativa conjunta concedeu à Coleção de Arte Contemporânea do Estado “uma vocação verdadeiramente nacional, no sentido de que é capaz de chegar a todas as pessoas e a todo o território”, realçou Graça Fonseca.
“A coleção (…) não será de um lugar, mas de todos os lugares a partir dos quais ela possa chegar a quem a queira conhecer. Será também um acervo privilegiado para dinamizar ou fazer nascer novos espaços culturais”, acrescentou.
A ministra da Cultura recordou que, entre 2017 e 2019, fruto de “um esforço conjunto que envolveu as áreas governativas da Cultura e das Finanças, o conjunto valiosíssimo e estratégico de obras pertencentes à coleção ex-BPN passou a ser propriedade do Estado português”.
Esta medida, segundo Graça Fonseca, “representou um investimento em arte contemporânea na ordem dos 60 milhões de euros que veio garantir a visibilidade e fruição pública de um conjunto que inclui a coleção Joan Miró, no Porto, e as 193 obras que ficarão agora em Coimbra e constituirão a base fundamental” do centro hoje inaugurado.
O momento integrou o programa das comemorações do Dia da Cidade e do feriado municipal, 04 de julho, habitualmente articulado com as festas religiosas em honra da Rainha Santa Isabel, padroeira de Coimbra, cuja procissão não se realiza desta vez, devido à pandemia da covid-19.
“Coimbra é um exemplo que queremos multiplicar e projetar no futuro, não só na consolidação e desenvolvimento desta parceria, mas na forma como, a partir daqui, podemos lançar as bases para uma estratégia partilhada e participada de todos e para todos”, passando a cidade do Mondego a ser “ponto de partida da nova Rede Portuguesa de Arte Contemporânea”, frisou a ministra da Cultura.
Antes da abertura da exposição “Corpo e Matéria”, o autarca Manuel Machado sublinhou que a iniciativa faz parte “de uma dinâmica mais vasta, a de valorizar Coimbra como uma referência da arte contemporânea, e com os olhos postos na Capital Europeia da Cultura 2027”, à qual a cidade se candidata.
“Coimbra, classificada como cidade Património Mundial pela UNESCO, é desde há séculos um território privilegiado de cruzamento do antigo e do novo, local de crescimento e de passagem de homens como Fernando de Bulhões [Santo António], de quem agora se assinala o oitavo centenário, ou de artistas tão inovadores para a sua época como o escultor Nicolau de Chanterene”, afirmou.
Para Manuel Machado, “a cultura, as artes e os espetáculos são instrumentos fundamentais para voltar a instalar nos cidadãos o sentimento de confiança no convívio social, a confiança de poder conviver em segurança”.
A atividade do Centro de Arte Contemporânea, da autoria dos curadores David Santos e José Maçãs de Carvalho, começa com o ciclo “De que é feita uma coleção?” e com uma primeira exposição de uma série de três, intitulada “Corpo e Matéria”, com 27 obras do antigo acervo do BPN.
Antes da cerimónia, cidadãos e autarcas da União de Freguesias de Coimbra marcaram presença na rua Ferreira Borges para contestar a deslocalização das estátuas “Guitarra de Coimbra” e “Tricana de Coimbra”.
Em silêncio, exibindo uma faixa com a frase “A estátua é nossa!”, o grupo de eleitos e moradores da antiga freguesia de Almedina demarcou-se da remoção, já efetuada, da primeira escultura, da autoria de Celestino Alves André, implantada no local, junto ao Arco de Almedina.
LUSA/HN
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