Supremo Tribunal Administrativo nega recurso da Ordem dos Enfermeiros contra sindicância

17 de Julho 2020

O Supremo Tribunal Administrativo (STA) rejeitou um recurso da Ordem dos Enfermeiros destinado a suspender a eficácia de uma sindicância ordenada pela ministra da Saúde àquela ordem profissional.

“Acordam os juízes da Secção do Contencioso Administrativo do Supremo Tribunal Administrativo, reunidos em conferência, em negar provimento ao recurso [da Ordem dos Enfermeiros (OE)], mantendo, em consequência, a decisão recorrida”, lê-se na decisão do STA, a que a agência Lusa teve acesso.

Em causa estava um recurso apresentado ao STA pela Ordem dos Enfermeiros a contestar uma anterior decisão que indeferiu a providência cautelar interposta pela OE para suspensão da eficácia do despacho da ministra da Saúde, Marta Temido, de 16 de abril de 2019, a ordenar a realização de uma sindicância à OE, que, entretanto, foi realizada.

Segundo o acórdão do STA, a questão que se discutia neste recurso era “de saber-se se, encontrando-se já integralmente concluída a sindicância” à atividade da Ordem dos Enfermeiros, e tendo os respetivos resultados sido comunicados pela ministra da Saúde ao Ministério Público, se se mantém o interesse da OE na concessão do pedido formulados nos autos.

Na anterior decisão, entendeu-se que a aceitação da providência cautelar apresentada pela OE “já não teria para ela qualquer utilidade”, dado que a sindicância já se encontra “plenamente executada”

A Ordem dos Enfermeiros alegou, contudo, que se a eficácia do ato que ordenou a realização de sindicância fosse suspensa, seriam “igualmente suspensos todos os ato e trâmites consequentes, deixando assim o Ministério Público de ter legitimidade” para avançar com ações.

“Ainda que quaisquer outros efeitos jurídicos da sindicância pudessem considerar-se como não produzidos por força da suspensão jurisdicional da sua eficácia, o Ministério Público já tem conhecimento dos factos revelados pelo respetivo relatório [da sindicância] e não está impedido de promover a ação pública com fundamento nos mesmos”, considerou o STA, negando assim provimento ao recurso da OE.

Contactada pela agência Lusa, uma fonte oficial do Ministério da Saúde confirmou que “a sindicância foi concluída” e que “aguarda desenvolvimentos” da investigação do Ministério Público.

A ministra da Saúde pediu em abril do ano passado à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para realizar uma sindicância à OE, o que a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, considerou na altura “uma atitude persecutória nunca antes vista”.

Em resposta, a Ordem dos Enfermeiros intentou uma providência cautelar contra o Ministério da Saúde para impedir a sindicância.

NR/HN/LUSA

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Chamadas para o SNS24 disparam 71% ao ano, mas taxa de atendimento cai para 75%

O serviço de atendimento telefónico SNS24 registou um crescimento anual de 71% no volume de chamadas desde 2023, ultrapassando os níveis pré-pandemia. Contudo, a capacidade de resposta não acompanhou este boom, com a taxa de chamadas atendidas a cair para 74,9%, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo

ULSEDV Promove Primeiro Encontro Conjunto para Cuidados da Mulher e da Criança

A Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga organiza a 11 e 12 de novembro de 2025 as suas primeiras Jornadas da Saúde da Mulher e da Criança. O evento, no Europarque, em Santa Maria da Feira, visa consolidar a articulação clínica entre os hospitais e os centros de saúde da região, num esforço para uniformizar e melhorar os cuidados prestados.

Projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” foca cancro da bexiga para quebrar estigma

A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde lançou uma nova temporada do projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” dedicada ao cancro da bexiga. Especialistas e doentes unem-se para combater o estigma em torno dos sintomas e alertar para a importância do diagnóstico atempado desta doença, que regista mais de 3.500 novos casos anuais em Portugal.

Maria Alexandra Teodósio eleita nova Reitora da Universidade do Algarve

O Conselho Geral da Universidade do Algarve elegeu Maria Alexandra Teodósio como nova reitora, com 19 votos, numa sessão plenária realizada no Campus de Gambelas. A investigadora e atual vice-reitora, a primeira mulher a liderar a academia algarvia, sucederá a Paulo Águas, devendo a tomada de posse ocorrer a 17 de dezembro, data do 46.º aniversário da instituição

Futuro da hemodiálise em Ponta Delgada por decidir

A Direção Regional da Saúde dos Açores assegura que nenhuma decisão foi tomada sobre o serviço de hemodiálise do Hospital de Ponta Delgada. O esclarecimento surge após uma proposta do BE para ouvir entidades sobre uma eventual externalização do serviço, que foi chumbada. O único objetivo, garante a tutela, será o bem-estar dos utentes.

Crómio surge como aliado no controlo metabólico e cardiovascular em diabéticos

Estudos recentes indicam que o crómio, um mineral obtido através da alimentação, pode ter um papel relevante na modulação do açúcar no sangue e na proteção cardiovascular, especialmente em indivíduos com diabetes tipo 2 ou pré-diabetes. Uma meta-análise publicada na JACC: Advances, que incluiu 64 ensaios clínicos, revela que a suplementação com este oligoelemento está associada a melhorias em parâmetros glicémicos, lipídicos e de pressão arterial, abrindo caminho a novas abordagens nutricionais no combate a estas condições

Alzheimer Portugal debate novos fármacos e caminhos clínicos em conferência anual

A Conferência Anual da Alzheimer Portugal, marcada para 18 de novembro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai centrar-se no percurso que vai “Da Ciência à Clínica”. Especialistas vão analisar os avanços no diagnóstico, novos medicamentos e a articulação entre cuidados de saúde e apoio social, num evento que pretende ser um ponto de encontro para famílias e profissionais

Bayer anuncia redução significativa de marcador renal com finerenona em doentes com diabetes tipo 1

A finerenona reduziu em 25% o marcador urinário RACU em doentes renais com diabetes tipo 1, de acordo com o estudo FINE-ONE. Este é o primeiro fármaco em mais de 30 anos a demonstrar eficácia num ensaio de Fase III para esta condição, oferecendo uma nova esperança terapêutica. A segurança do medicamento manteve o perfil esperado, com a Bayer a preparar-se para avançar com pedidos de aprovação regulatória.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights