Duas empresas portuguesas juntam-se e criam um sabonete especial para canoístas

18 de Julho 2020

Duas empresas portuguesas, a Nelo e a Ach Brito, juntaram conhecimentos para criar um sabonete próprio para desengordurar as mãos dos canoístas, para transporte nas embarcações, sem que haja desperdícios.

“‘Mais do que nunca um fiel amigo’, acho que foi isto que o João Ribeiro escreveu no Instagram dele e mostrava o sabonete no barco”, contou o mentor da ideia, André Santos, referindo-se à publicação na rede social do canoísta da seleção nacional, 20 vezes campeão nacional.

André Santos relatava à Lusa qual foi a primeira reação, de que teve conhecimento, do novo produto que a Nelo colocou no mercado, juntamente com a Ach Brito, há sensivelmente uma semana.

“Tem tido uma adesão engraçada e é o conjugar de duas marcas portuguesas de Vila do Conde e acho que vamos conseguir ter aqui um produto que é também uma imagem de Portugal”, considerou o responsável.

A primeira encomenda foi de 500 sabonetes, que estão a ser comercializados, somente, pelos canais oficiais da empresa e, como “a procura está a surpreender”, uma vez que “achava que as pessoas não estariam dispostas a pagar por este produto”, já admite que “está pensada uma próxima encomenda de 1.500”.

“O sabonete tem a principal função de desengordurar as mãos do atleta para uma maior tração à pagaia e tem uma forma de se encaixar no próprio barco que é a grande vantagem e também daí a importância da dimensão”, explicou.

Nesse sentido, “a Ach Brito fez um sabonete à dimensão idealizada” pela Nelo, ou seja, “tem de ser grande o suficiente para esfregar as duas mãos ao mesmo tempo, mas tem de ser pequeno o suficiente para ir dentro do barco sem incomodar o atleta”.

“A necessidade premente de os atletas terem as mãos completamente desengorduradas quando iniciam um treino ou uma prova, seja em competição ou não, tem-nos feito pensar ao longo dos anos em arranjar uma solução”, contou à Lusa o diretor executivo da empresa de produtos de canoagem.

André Santos admitiu que, “desde que a moda dos sabonetes nas plataformas das provas pegou, há 10, 12 anos”, a Nelo se começou a questionar do que poderia fazer para “ajudar os atletas, mas acabar com aqueles sabonetes que todos usavam e que acabavam por ficar espalhados nas plataformas”.

Tendo em conta que a empresa se dedica a produtos ligados à canoagem e não tanto à higiene pessoal, “a oportunidade surgiu antes do Natal passado, numa conversa informal com a Ach Brito, curiosamente, uma empresa geograficamente próxima da Nelo”, uma vez que ambas têm sede em Vila do Conde, no distrito do Porto.

“A Ach Brito, que é uma referência nacional no sabonete e no produto nacional e original, e a ideia foi eles desenvolverem um sabonete que fosse ao encontro dessa necessidade de desengordurar completamente as mãos num tamanho específico”, explicou André Santos.

Do lado da Nelo, ficou a responsabilidade de “desenvolver uma solução que permitisse o transporte e o acomodar dentro da embarcação para que o atleta o tivesse sempre com ele e o pudesse utilizar e voltar a colocar no barco e no dia a seguir voltar a usar sem o perder e sem grandes desperdícios, uma vez que está em contacto constante com a água”.

Uma parceria “muito bem acolhida” pela Ach Brito, admitiu o ponto de ligação no projeto, uma vez que é uma empresa portuguesa “a trabalhar preferencialmente com fornecedores portugueses e parceiros portugueses e foi nesse sentido que o desafio cresceu entre estas duas empresas de renome, até internacional”.

“São duas entidades profissionais e boas naquilo que fazem que podem estar agrupadas e levarem um bocadinho mais além a portugalidade e foi um nesse sentido que tentámos concretizar este projeto”, contou Catarina Carvalho.

Uma produção que “não foi difícil, porque a Ach Brito já tem esse sabonete mais técnico”, mas que obrigou à “adaptação de material antigo da empresa, com a reativação de equipamento que já estava parado, para o adaptar às exigências da Nelo”.

“Um processo um pouco complexo, porque foi muito manual. É uma cunhagem feita um a um, é uma máquina já bastante antiga que temos, mas era algo que seria possível realizar, por termos instrumentos para isso. É um bocadinho um sabonete personalizado, quase como se fosse um produto exclusivo”, descreveu Catarina Carvalho.

Ainda só com venda através da Nelo, o sabonete pode ser alvo de “uma produção contínua”, atendendo que “a ideia inicial era ter o sabonete pronto antes dos Jogos Olímpicos Tóquio2020”, que foram adiados para 2021, devido à pandemia de covid-19.

“Aliás, até parece que foi pensado por causa da pandemia, mas não, isso acaba por ser uma espécie de bónus, porque o sabonete dá outra segurança ao atleta que, frequentemente, leva as mãos à cara, seja aos óculos ou a limpar o suor e, nesta altura de pandemia, com este sabonete, também tem a garantia de que as mãos estão bem desinfetadas”, rematou André Santos.

LUSA/HN

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