Vacinação gratuita contra a gripe nas farmácias pode ter impacto de 30% na taxa de vacinação

27 de Julho 2020

Os dados advêm de um projeto piloto que dura há dois anos no concelho de Loures, e que a Associação de Farmácias Portuguesa (AFP) quer implementar em todo o país.

A associação enviou na semana passada uma carta ao Secretário de Estado da Saúde e ao Infarmed onde reivindica que as vacinas gratuitas para a gripe passem a ser administradas nas farmácias, e não só nos hospitais e centros de saúde. À Health News, Manuela Pacheco, Presidente da AFP esclareceu que a vacinação nas farmácias pode ser responsável por um aumento da taxa de vacinação na ordem dos 30%.

Manuela Pacheco, Presidente da Associação de Farmácias Portuguesa (AFP)

Nessa carta a AFP pedia ao secretário de estado da Saúde Manuel Sales, e ao Infarmed, que disponibilizassem a vacina gratuita contra a gripe (aplicável para quem tenha mais de 65 anos) através das farmácias, bem como alguma medicação apenas adquirível nas farmácias hospitalares. Uma medida que, segundo Manuela Pacheco, “torna mais igualitário o acesso aos cuidados de saúde a todos os cidadãos e em todo o território nacional, contribuindo, simultaneamente, para o descongestionamento dos serviços de saúde primários”.
Este serviço de vacinação nas farmácias acontece já há dois anos em formato de projeto piloto no concelho de Loures. Projeto esse que “foi já iniciado na época vacinal 2018-2019 com meia dúzia de farmácias e continuou em 2019-2020 em todas as farmácias do concelho”. Para Manuela Pacheco, os dados recolhidos durante o projeto piloto indicam “um aumento da taxa vacinal de 31,8%”. Um indicador “extremamente importante” que revela a mais-valia da inclusão das farmácias no processo da vacinação.

“Só a inclusão das farmácias na vacinação sazonal naquele concelho deu-nos a capacidade de conseguir vacinar muito mais pessoas. Tem que ver com a comodidade, a proximidade… tudo isso levou a um benefício enorme não só para os cidadãos vacinados, mas também para o SNS e para todos nós”, acrescenta a presidente da AFP em declarações à Health News.

“O que queríamos efetivamente era que o projeto piloto fosse alargado a todo o país. As farmácias que quiserem e tiverem disponibilidade, com a condição de efetuarem formações, devem poder fazer a vacinação aos utentes que precisam e que podem usufruir da vacina gratuita. Não faz sentido não aproveitar os recursos humanos das farmácias, que têm uma rede de proximidade enorme”, explica.

Quanto à distribuição dos medicamentos de dispensa nas farmácias hospitalares, a Diretora da AFP diz que a sua distribuição por parte das farmácias é “uma mais-valia para todos que ficou provada durante a pandemia”. “Há uns tempos já pedíamos isto com a noção de que teríamos a capacidade de o fazer, mas agora temos a certeza de que temos esta capacidade, porque é o que temos feito durante este período de pandemia”, acrescenta.

No que diz respeito à segurança da dispensa e administração das vacinas, bem como dos restantes medicamentos, Manuela Pacheco descarta as preocupações e acredita na capacidade das farmácias. “Nós também temos a capacidade de atender o utente com privacidade mediante hora marcada.[…] Os únicos medicamentos que podem ser dispensados em meio de farmácia comunitária têm que ser para doentes que estejam estabilizados. Se o doente está numa fase em que os valores não estão devidamente controlados ou que está a fazer doses que estejam ainda a ser avaliadas, ele não pode nunca ir para o ambulatório, só nos centros hospitalares. Assim que há qualquer coisa que não esteja bem, nós comunicamos, da mesma forma que também fazemos registos e relatórios de tudo o que entregamos.

Desde a semana passada, AFP ainda não obteve resposta do Governo ou do Infarmed.

João Daniel Ruas Marques

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