Bem vindo ao novo SNC – Serviço Nacional Covid

12 de Agosto 2020

Participa-se que o velhinho e adoentado SNS se finou em Março de 2020 tendo em seu lugar emergido o novo SNC – Serviço Nacional Covid.

Este SNC tem tido grande qualidade no controlo da Pandemia. Em primeiro lugar o empenhamento dos profissionais hospitalares da linha da frente que lidam, com sucesso, com os doentes graves. Sucesso traduzido na baixa taxa de mortalidade, que até deu lugar a uma referência recente na CNN 

Sucesso na procura, testagem, isolamento e seguimento de todos os contactos que apesar da má mensagem passada aquando do desconfinamento está a permitir a redução de novos casos em contraciclo com os outros países Europeus em que a contaminação está em crescendo (confiamos que a diminuição de casos positivos não de deva à alteração do paradigma da testagem anunciada no Expresso e que seja uma mera coincidência os números terem começado a baixar a partir daí)

Mas tudo o que era o restante SNS ficou suspenso. E suspenso continua no ambíguo despacho de 7 de Maio.

Nos Cuidados de Saúde Primários o sagrado compromisso de acompanhamento na saúde e na doença foi unilateralmente quebrado e restringido à Teleconsulta que é um eufemismo de consultas por telefone… E com tanto telefonema as linhas estão sobrecarregadas e o telefone toca, toca… https://www.publico.pt/2020/07/31/sociedade/noticia/centros-saude-nao-conseguem-atender-telefones-quebra-consultas-presenciais-tres-milhoes-1926354

E até há USFs onde para evitar o congestionamento de utentes na sala de espera (utentes fantasma certamente porque na USF não se entra)  os profissionais reduziram os horários para 30 hs por semana.

Nos hospitais os doentes dizem que a “ teleconsulta” mais não é que um reagendamento da consulta para ao ano seguinte

Um despacho de 3 de Junho  que se manteve secreto até hoje justifica a “covidação” do SNS  

12 – Os órgãos dirigentes dos serviços e organismos do SNS dos concelhos da Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Sintra devem assegurar a prontidão da resposta à COVID-19, mantendo a suspensão da atividade assistencial não urgente que, pela sua natureza ou prioridade clínica, não implique risco de vida para os utentes, limitação do seu prognóstico e/ou limitação de acesso a tratamentos periódicos ou de vigilância, designadamente, no âmbito do acompanhamento da gravidez, descompensação de doenças crónicas, vacinação, ou outros.

Se nos Hospitais a radiografia dos tempos de espera nos hospitais de Lisboa no momento antes do Covid, segundo o estudo (link)  Dr. João Ralha, já era muito má, desconhece-se por completo a situação atual após paragem. O que vale é que como os Centros de Saúde se mantêm confinados também não referenciam novos utentes

Cirurgias: Especialidades (10) acima do TMRG (180 dias), Hospitais Lisboa (total de 19 especialidades) 

 

Especialidade   Nº pessoas em espera  Tempo médio de espera (dias) 
Cirurgia Cardiotorácica  465  372 
Ortopedia  4.950  281 
Unidade Tratamento Cirúrgico da Obesidade  371  273 
Cirurgia Vascular  1.178  267 
Cirurgia Maxilo Facial  489  261 
Cirurgia pediátrica  1.129  252 
Otorrinolaringologia  2.519  230 
Cirurgia plástica reconstrutiva  2.107  215 
Urologia  2.094  213 
Cirurgia Geral  2.884  181 
Total / Média  18.186 (72%)  255 

 

Lembra-se que o despacho de 7 de Maio acima referido continua por revogar ou atualizar. Diz:

3 – Enquanto a situação epidemiológica do país o justificar, e em especial durante o estado de calamidade, os estabelecimentos e serviços do SNS garantem que a realização da atividade assistencial ocorre:

  1. a) Com recurso a meios não presenciais, utilizando mecanismos de telessaúde, designadamente programas de telerrastreio, teleconsulta, telemonitorização e teleconsultadoria, exceto quando tal não for clinicamente adequado ou tecnicamente possível;

 Parece que um SNS tão descartável afinal não servia para nada. Assim:

– Viva o novo SNC-SERVIÇO NACIONAL COVID

Mais sobre o tema Aqui 

Sempre ao dispor

SNC, jorge

PS: O curioso é que nenhum destes despachos consta na listagem de despachos sobre covid da DGS nem no imenso role de orientações da DGS sobre tudo e mais alguma coisa consta o que quer que seja sobre como aceder e se ser consultado em segurança num Centro de Saúde ou num hospital.

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