Dois em três cuidadores de pessoas com paralisia cerebral temeu perder rendimento

12 de Agosto 2020

Dois em cada três cuidadores de pessoas com paralisia cerebral temeu perder o rendimento familiar e um terço receou pelo fornecimento de bens de primeira necessidade durante a fase de confinamento imposta pela pandemia de Covid-19.

Os dados constam do “Boletim Barómetro covid-19 e Paralisia Cerebral – Número 3”, divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), enquanto parceiro do Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral, que analisou o efeito do confinamento em 222 familiares e/ou cuidadores de pessoas com paralisia cerebral, que responderam a um inquérito anónimo online, entre 06 de abril e 31 de maio.

O estudo relata como os familiares e/ou cuidadores de pessoas com paralisia cerebral, a maioria crianças e adolescentes, de todo o país viram a sua vida pessoal, familiar e profissional afetada pelo confinamento, como isso lhes levantou especiais receios pela garantia dos seus meios de subsistência, a ansiedade gerada e as estratégias seguidas para a gestão da situação.

Questionados sobre se tiveram receio de interrupção no fornecimento de bens de primeira necessidade, 23,7% afirmaram que sim e 13,8% confessaram mesmo ter “muito receio”.

Os dados indicam também que 43,6% receou perder o rendimento e 23,9% disse ter muito receio, refere o barómetro, uma colaboração entre a Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral, o INSA e a Escola Nacional de Saúde Pública.

O estudo revela que um em cada três cuidadores tinham um rendimento familiar de menos de mil euros antes da pandemia (10,7% menos de 650 euros).

Mais de metade (59,9%) são trabalhadores por conta de outrem, 7,7% doméstica/o, 9,9% trabalhador por conta própria e 7,2% estavam desempregados.

Segundo o estudo, mais de metade dos cuidadores considera-se em risco de contrair a Covid-19 e quase três em cada quatro de terem doença grave, mas consideraram ainda mais elevado o risco da doença na população. No entanto, um terço considera que é ou vive com um profissional de risco acrescido.

Referiram ser mais cumpridores das medidas de afastamento e higiene do que os outros grupos participantes, mas apenas um em cada quatro nunca saiu de casa durante o confinamento

O estudo aponta também que 39,3% dos cuidadores tiveram a perceção que as suas atividades habituais estavam limitadas devido às medidas governamentais e 37,5% muito limitados

Um terço desenvolveu a sua atividade profissional durante a fase de confinamento em teletrabalho e 24,2% suspendeu a atividade profissional.

No período de confinamento, sete em 10 cuidadores consideraram o seu estado geral de saúde bom ou muito bom, temendo no entanto sofrer doença, grave, apesar de se sentirem menos suscetíveis do que a população em geral

Dois terços dos cuidadores consideraram adequadas as medidas do Governo no combate à pandemia e 65,3% manifestaram confiança na capacidade de resposta dos serviços de saúde.

Durante a fase de confinamento, os familiares e/ou cuidadores partilharam com os outros participantes a incerteza ou o pessimismo sobre a duração dos efeitos da pandemia.

Portugal contabiliza pelo menos 1.761 mortos associados à covid-19 em 52.945 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

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