SEP acusam lar de Reguengos de Monsaraz de “falhar compromisso”

12 de Agosto 2020

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) acusou hoje a fundação que gere o lar de Reguengos de Monsaraz (Évora), onde um surto de Covid-19 provocou 18 mortos, de "falhar o compromisso" para a contratação de profissionais.

“Estamos muito apreensivos, porque parece já não haver interesse da fundação para contratar enfermeiros”, afirmou Celso Silva, da Direção Regional do Alentejo do SEP, em declarações à agência Lusa, na sequência de um comunicado divulgado pelo sindicato.

O dirigente sindical indicou que a Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS) comprometeu-se, numa reunião com o SEP, realizada em 20 de julho, a enviar para o sindicato “uma proposta com as condições de contratação para enfermeiros a tempo inteiro”.

A reunião foi pedida pelo SEP depois de terem sido divulgadas dificuldades na contratação de enfermeiros pelo presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, que também preside ao conselho de administração da FMIVPS.

Segundo Celso Silva, o conselho de administração da FMIVPS reconheceu então que “teria de ter enfermeiros a tempo inteiro no seu quadro de pessoal para poder responder às necessidades dos utentes do lar”.

“Tendo em conta as declarações públicas do presidente da fundação, que disse que o referencial para a contratação de enfermeiros a tempo inteiro seria o da tabela salarial do Serviço Nacional de Saúde (SNS), concordámos e ficámos a aguardar”, disse.

“Mas nada chegou. Enviámos dois ofícios e estão sempre a adiar, dizendo que vão enviar, mas o que é certo é que não enviaram nada”, acrescentou o dirigente do SEP, aludindo à proposta com as condições para a contratação de enfermeiros.

Celso Silva questionou “se de facto a FMIVPS quer ou não quer contratar enfermeiros a tempo inteiro” e se as declarações de José Calixto, presidente da câmara e da fundação, sobre as dificuldades de contratação de profissionais e as condições do contrato “são para levar a sério ou não”.

O sindicalista disse que há enfermeiras que têm como serviço principal o SNS que estão a assegurar “algumas horas” no lar da FMIVPS, considerando que essa condição “não invalida” a contratação de profissionais a tempo inteiro.

No total, este surto, que já foi considerado como resolvido pela Autoridade de Saúde, provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 doentes (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).

Na semana passada, foram conhecidas as conclusões de uma auditoria feita pela Ordem dos Médicos (OM).

No relatório, ao qual a agência Lusa teve acesso, a comissão da OM que realizou a auditoria disse que o lar da FMIVPS não cumpria as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e apontou responsabilidades à administração, à Autoridade de Saúde Pública e à Administração Regional de Saúde.

A Procuradoria-Geral da República adiantou à Lusa, na sexta-feira, que foi instaurado um inquérito sobre o surto de Covid-19 neste lar e que está a analisar o relatório da OM.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Investigadores reúnem-se em Lisboa para analisar ‘long-covid’

Investigadores nacionais e estrangeiros reúnem-se na próxima semana em Lisboa, numa conferência internacional inédita que pretende alertar para a relação da ‘long covid’ com doenças, como a fadiga crónica, e a necessidade de encontrar resposta para estes doentes.

OMS lança nova rede de laboratórios para os coronavírus

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma nova rede de laboratórios para coordenar as capacidades à escala global de deteção, monitorização e avaliação de coronavírus potencialmente novos ou em circulação com impacto na saúde pública.

Apresentados resultados de medicamento para esclerose múltipla

Numa análise post-hoc, os novos dados revelam evidências de benefícios cognitivos na esclerose múltipla recidivante após o tratamento inicial com MAVENCLAD® (cladribina em comprimidos), com melhoria cognitiva sustentada ou estabilidade observada a dois anos.

Federação da paralisia cerebral sensibiliza novo PM para apoios

A Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral (FAPPC) pediu a intervenção do novo primeiro-ministro para um conjunto de reclamações que, em alguns casos, estão inalteradas há uma década, queixando-se da falta de respostas do anterior executivo.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights