Novos surtos levam a ‘guerra de fronteiras’ na Europa e antecipam fim de férias

15 de Agosto 2020

Milhares de europeus que se encontram de férias fora dos seus países estão a antecipar o regresso a casa devido ao aumento de casos de covid-19 na Europa e às consequentes restrições que alguns países estão a impor.

Num balanço feito pela EFE, países como França, Reino Unido, Alemanha e Espanha estão entre os mais afetados por aquilo que se admite poder ser uma segunda onda da pandemia na Europa, com o movimento de férias de muitos europeus a contribuir para o crescimento de infetados e a alimentar uma ‘guerra de fronteiras’, ainda que estejam oficialmente abertas.

A quarentena obrigatória nos regressos é uma das medidas que está a provocar regressos antecipados de turistas que as tentam evitar, numa altura em que alguns países europeus voltaram a registar totais de casos diários acima dos mil infetados.

O Reino Unido, que hoje voltou a registar mais de mil novos casos em 24 horas, decidiu impor uma quarentena obrigatória a todos os cidadãos com origem em França, o que levou milhares de turistas britânicos a antecipar o regresso de férias para contornar a medida que hoje entrou em vigor, aplicável também a quem chegue dos Países Baixos, Mónaco, Malta, as ilhas britânicas Turcas e Caicos e Aruba, nas Caraíbas.

França não gostou da decisão e prometeu responder ‘na mesma moeda’, estando ainda a decidir uma resposta “com critérios de reciprocidade”, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

No curto prazo, as medidas britânicas prejudicam em primeiro lugar o turismo em França, privado no que resta do verão de boa parte dos visitantes do Reino Unido, com 160 mil turistas britânicos em território gaulês quando foi anunciada a quarentena obrigatória.

Também a Bélgica está a impor restrições a quem chega de França, obrigando a quarentena e teste à covid-19.

Os receios relativos à segunda onda e as medidas de contenção e restrições que estão a ser impostas podem ter como efeito perverso o impacto no setor do turismo, justamente na época alta na Europa, podendo acrescentar mais prejuízos aos que já estavam estimados e previstos.

Nem só o turismo é afetado. A Grécia está a reter milhares de albaneses nas suas fronteiras, que ali permanecem em condições precárias, à espera de autorização de entrada no país, a maioria dos quais emigrantes que trabalham na Grécia e tinham voltado à Albânia de férias.

O grande afluxo que se regista é uma forma de tentar evitar as restrições que entram em vigor a partir da próxima semana, quando a Grécia vai começar a restringir as entradas no país por via terrestre para evitar a propagação de contágios.

A Albânia está a enfrentar uma nova onda de infeções por coronavírus, com tendência crescente devido à falta e cuidado relativamente às medidas de prevenção, especialmente entre os mais jovens, mas também devido a casamentos e funerais com uma grande quantidade de pessoas, como é tradição no país.

A Alemanha, também a braços com um aumento crescente de novos casos diários de covid-19, com quase 1.500 novos casos registados na sexta-feira, decidiu impor restrições a quem viaja para Espanha, impondo quarentena obrigatória a quem regressa se não tiver teste negativo para a doença, e desaconselhando viagens para território espanhol, com exceção das ilhas Canárias, mas não o proibindo.

Espanha, que na sexta-feira registou quase três mil novos casos diários, impôs novas medidas de contenção da pandemia, como o encerramento de locais de diversão noturna, restrições nos horários dos restaurantes e a proibição de fumar ao ar livre em locais como esplanadas e sempre que não esteja garantida uma distância de segurança de dois metros.

Já Itália continua em tendência crescente nos novos casos diários, com mais de 600 novas infeções registadas hoje, com as autoridades a manifestarem preocupação com o peso de casos importados. Há ainda uma preocupação com o impacto das atividades de lazer noturnas.

Desde dia 13 que as autoridades de saúde estão a controlar as chegadas de quem viaja de Espanha, Malta, Grécia e Croácia, considerados países de risco.

LUSA/HN

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