Mortes devido ao tabaco de mascar aumentaram mais de 30%

18 de Agosto 2020

O número de mortes a nível mundial devido ao tabaco de mascar, muito popular em países como a Suécia,  aumentou 30% em sete anos

O número de mortes a nível mundial devido ao tabaco de mascar, muito popular em países como a Suécia,  aumentou 30% em sete anos. Esta investigação da Universidade de York (Inglaterra), surge numa altura em que existem preocupações de que cuspir – um comportamento comum entre aqueles que mastigam tabaco – seja suscetível de transmitir a Covid-19.

Os investigadores -que fazem parte de um grupo internacional denominado ASTRA – apelam aos governos e organismos de saúde pública para que regulem a produção e venda de tabaco sem fumo. Dizem que a proibição de cuspir em locais públicos também desencorajará o consumo de tabaco de mascar e poderá reduzir a transmissão do vírus da Covid-19.

O Dr. Kamran Siddiqi, do Departamento de Ciências da Saúde da “Hull York Medical School” (Inglaterra), afirmou: “O estudo chegou numa altura em que a Covid-19 está a afetar quase todos os aspetos das nossas vidas. O tabaco de mascar aumenta a produção de saliva e leva as pessoas a expeli-la compulsivamente”.

“Há preocupações de que cuspir – um comportamento comum entre aqueles que mastigam tabaco – seja suscetível de transmitir o vírus a outros. Reconhecendo isso, a Índia, por exemplo, já deu um passo positivo ao proibir cuspir em locais públicos para reduzir a transmissão da Covid-19”.

O estudo, financiado pelo Instituto Nacional de Investigação em Saúde do Reino Unido, estima que só em 2017 o tabaco sem fumo provocou mais de 90.000 mortes devido a cancro da boca, faringe e esófago e foi responsável por mais de 258.000 mortes por doenças cardíacas. Milhões de pessoas morrem mais cedo por problemas de saúde devido aos efeitos de mastigar produtos à base de tabaco, revela o estudo.

Os investigadores compilaram os dados de 127 países, do Estudo “Global Burden of Disease” (GBD) de 2017 e de inquéritos como o “Global Adult Tobacco Survey” (GATS).

O Dr. Kamran Siddiqi referiu que o Sul e o Sudeste Asiático continuam a ser um “ponto quente”, sendo a Índia responsável por 70%, o Paquistão por 7% e o Bangladesh por 5% da carga global de doenças devidas ao tabaco de mascar.

“O tabaco sem fumo é utilizado por quase um quarto dos utilizadores de tabaco e a maioria deles vive na Índia, Paquistão e Bangladesh. No Reino Unido, as comunidades do Sul da Ásia também consomem produtos de tabaco sem fumo que precisam de ser regulados, tal como os cigarros”.

“Temos uma política internacional na Organização Mundial da Saúde sob a forma de Convenção para o Controlo do Tabaco, para regular a oferta e procura destes produtos. Precisamos de aplicar este controlo ao tabaco sem fumo com o mesmo rigor com que é aplicado aos cigarros”.

O documento, intitulado “Global burden of disease due to smokeless tobacco consumption in adults: an update analysis of data from 127 countries”, acaba de ser publicado no jornal “BMC Medicine”.

NR/HN/Adelaide Oliveira

 

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