Medicação para a pressão arterial melhora taxa de sobrevivência à Covid-19

23 de Agosto 2020

Medicação para a pressão arterial pode melhorar a taxa de sobrevivência à Covid-19 e reduzir a gravidade da infeção, de acordo com nova pesquisa da Universidade de East Anglia (UEA).

Os investigadores estudaram 28 mil pacientes que tomavam medicação anti-hipertensiva – uma classe de medicamento que é utilizada no tratamento da hipertensão. E descobriram que o risco de doença grave e morte por Covid-19 era reduzido em pacientes com alta pressão arterial que tomariam inibidores de enzimas Angiotensin-Converting (ACEi) ou bloqueadores de recetores Angiotensin (ARB).

O investigador principal Dr. Vassilos Vassilou, da Escola Médica de Norwich diz que, “sabemos que os pacientes com doenças cardiovasculares estão particularmente em risco de contrair uma infeção grave de Covid-19. Mas no início da pandemia existia a preocupação de que medicação específica para a alta pressão arterial pudesse estar ligada com piores resultados em doentes com Covid-19”.

“Queríamos descobrir qual é o impacto desta medicação para pessoas com Covid-19 (…), por isso estudámos os resultados de pacientes que tomavam anti-hipertensivos – com atenção particular ao que chamamos resultados “críticos”, tais como ser admitido nos cuidados intensivos ou colocado em apoio respiratório, ou a morte”.

A investigação foi liderada pela UEA em colaboração com os hospitais universitários de Norfolk e Norwich.

A equipa analisou dados de 19 estudos relacionados com a Covid-19 e medicação ACEi e ARB. A meta análise envolveu mais de 28 mil pacientes e constitui o maior e mais detalhado estudo do seu género até à data.

Foram comparadas as informações dos pacientes com Covid-19 que estariam a tomar medicação ACEi e ARB com os que não estavam a tomar os medicamentos, com foco em se teriam ou não experienciado eventos “críticos”.

Segundo o Dr. Vassilou, “descobrimos que um terço dos pacientes com Covid-19 com alta pressão arterial e um quarto dos pacientes em geral tomavam ACEi ou ARBs. Isto é provável devido ao elevado risco de infeção em pacientes com comorbilidades tais como doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes”.

“Mas o que é realmente importante e que mostrámos, é que não existem provas de que esta medicação possa agravar a gravidade da Covid-19 ou o risco de morte (…). Pelo contrário, descobrimos que havia um risco significativamente mais baixo de morte e resultados críticos, pelo que podem de facto ter um papel proactivo – particularmente em pacientes com hipertensão”.

“Pacientes com Covid-19 com alta pressão arterial que estavam a tomar medicação ACEi/ARB tinham 0.67 vezes menos probabilidade de ter um resultado crítico ou fatal do que os que não tomavam esta medicação (…). Enquanto o mundo se prepara para uma potencial segunda vaga da infeção, é particularmente importante que consigamos compreender o impacto que esta medicação tem em pacientes com Covid-19”.

“Os nossos investigadores providenciaram-nos com provas substanciais para recomendar o uso continuado desta medicação se os pacientes já os estivessem a tomar. De qualquer forma, não nos foi possível perceber se começar a medicação de forma aguda em pacientes com Covid-19 poderia melhorar o seu prognóstico, uma vez que os mecanismos de ação podem ser diferentes”, acrescentou.

O Efeito dos Inibidores de Sistema Renin-Angiotensin-Aldosterone em pacientes com Covid-19: uma revisão sistémica e meta-análise de 28.872 pacientes, foi publicado no jornal Current Atherosclerosis Reports a 24 de agosto.

NR/HN/João Daniel Ruas Maques

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