AVCs como a complicação mais temida da cirurgia cardíaca – a maioria dos pacientes sacrificaria longevidade em prol de evitar um AVC.
O risco de AVC para os procedimentos cardíacos comuns varia dependendo tanto dos fatores de riscos dos pacientes como do procedimento. O risco é de cerca de 1% por válvula reparada ou bypass de artéria coronária; 2-3% se houver uma combinação desses procedimentos; e 3-9% para cirurgias que envolvem a aorta, a principal a maior artéria do corpo humano.
O risco de AVC é também mais elevado para os 27% a 40% dos pacientes que desenvolve fibrilação arterial depois da cirurgia cardíaca. A condição leva as câmaras mais pequenas do coração a bater e aumenta o risco de coágulos sanguíneos perigosos que se podem deslocar, viajar até ao cérebro e causar um AVC.
Tipicamente, a avaliação pré-cirurgica para o risco de AVC perioperativo inclui uma avaliação da idade, alta pressão arterial, níveis altos de colesterol, diabetes de tipo 2, fumar, falha cardíaca, doenças renais, fibrilação arterial e historial prévio de AVC ou acidente isquémico transitório. O texto científico sugere ainda maior monitorização e ações para diagnosticar e tratar AVC relacionados com a cirurgia rapidamente.
Algumas das recomendações são;
No caso de prevenção durante a cirurgia: monitorizar a circulação de sangue no cérebro, observar a aorta através de métodos eletrónicos durante a operação, controlar com atenção a pressão arterial e monitorizar a perda de sangue a necessidade de transfusão.
No caso de um diagnóstico atempado de AVC: a realização de um exame neurológico completo assim que possível após a cirurgia; se um paciente é de alto risco para AVC periopertório, considerar um protocolo de anestesia “fast-track” para ajudar a identificar rapidamente sinais de AVC após a cirurgia; ter uma equipa especializada em AVC apostos para realizar tratamento de emergência na suspeita de AVC, e conduzir uma tomografia computorizada (TC) à cabeça, e uma angio-TC da cabeça e pescoço assim que existam suspeitas de AVC.
No caso de rápido tratamento de AVC perioperatório: transferir o paciente para a unidade de cuidados intensivos; otimizar os níveis de oxigénio no cérebro e perfusão; considerar terapia para diluir os coágulos ou removê-los; e avaliar o discurso e função de engolir do paciente, e começar terapia preventiva para trombose venosa profunda.
“É imperativo que uma equipa de AVC trabalhe em conjunto para avaliar a saúde do paciente antes, durante e depois da cirurgia cardíaca. Além dos cirurgiões, esta equipa multidisciplinar deve incluir neurologistas especializados em AVC, neurocirurgiões, especialistas em cuidados críticos neuronais e neuroanestesistas”, acrescentou Gaudino. “Seguir estes protocolos pode conduzir a uma resposta mais rápida pelas equipas médicas no evento de uma emergência, e ajudar a reduzir a frequência de lesões neuronais entre pacientes”.
NR/HN/João Daniel Ruas Marques
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