Definidos os passos para reduzir o risco de AVC durante e após cirurgia cardíaca

26 de Agosto 2020

Os passos para reduzir o risco de ataque cardíaco em pacientes sujeitos a cirurgia cardíaca estão detalhados num novo texto da American Heart Association, “Considerations for Reduction of Risk of Perioperative Stroke for Adult Patients Undergoing Cardiac and Thoracic Aortic Operations”, publicado esta quarta-feira no jornal bandeira da associação americana, Circulation.

AVCs como a complicação mais temida da cirurgia cardíaca – a maioria dos pacientes sacrificaria longevidade em prol de evitar um AVC.

O risco de AVC para os procedimentos cardíacos comuns varia dependendo tanto dos fatores de riscos dos pacientes como do procedimento. O risco é de cerca de 1% por válvula reparada ou bypass de artéria coronária; 2-3% se houver uma combinação desses procedimentos; e 3-9% para cirurgias que envolvem a aorta, a principal a maior artéria do corpo humano.

O risco de AVC é também mais elevado para os 27% a 40% dos pacientes que desenvolve fibrilação arterial depois da cirurgia cardíaca. A condição leva as câmaras mais pequenas do coração a bater e aumenta o risco de coágulos sanguíneos perigosos que se podem deslocar, viajar até ao cérebro e causar um AVC.

Tipicamente, a avaliação pré-cirurgica para o risco de AVC perioperativo inclui uma avaliação da idade, alta pressão arterial, níveis altos de colesterol, diabetes de tipo 2, fumar, falha cardíaca, doenças renais, fibrilação arterial e historial prévio de AVC ou acidente isquémico transitório. O texto científico sugere ainda maior monitorização e ações para diagnosticar e tratar AVC relacionados com a cirurgia rapidamente.

Algumas das recomendações são;

No caso de prevenção durante a cirurgia: monitorizar a circulação de sangue no cérebro, observar a aorta através de métodos eletrónicos durante a operação, controlar com atenção a pressão arterial e monitorizar a perda de sangue a necessidade de transfusão.

No caso de um diagnóstico atempado de AVC: a realização de um exame neurológico completo assim que possível após a cirurgia; se um paciente é de alto risco para AVC periopertório, considerar um protocolo de anestesia “fast-track” para ajudar a identificar rapidamente sinais de AVC após a cirurgia; ter uma equipa especializada em AVC apostos para realizar tratamento de emergência na suspeita de AVC, e conduzir uma tomografia computorizada (TC) à cabeça, e uma angio-TC da cabeça e pescoço assim que existam suspeitas de AVC.

No caso de rápido tratamento de AVC perioperatório: transferir o paciente para a unidade de cuidados intensivos; otimizar os níveis de oxigénio no cérebro e perfusão; considerar terapia para diluir os coágulos ou removê-los; e avaliar o discurso e função de engolir do paciente, e começar terapia preventiva para trombose venosa profunda.

“É imperativo que uma equipa de AVC trabalhe em conjunto para avaliar a saúde do paciente antes, durante e depois da cirurgia cardíaca. Além dos cirurgiões, esta equipa multidisciplinar deve incluir neurologistas especializados em AVC, neurocirurgiões, especialistas em cuidados críticos neuronais e neuroanestesistas”, acrescentou Gaudino. “Seguir estes protocolos pode conduzir a uma resposta mais rápida pelas equipas médicas no evento de uma emergência, e ajudar a reduzir a frequência de lesões neuronais entre pacientes”.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques

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