Doentes angolanos em Portugal já começaram a receber refeições

27 de Agosto 2020

Os doentes angolanos de junta médica em Lisboa, hospedados em duas pensões, começaram já a receber duas refeições diárias, depois de paga parte da dívida que Angola tem para com o proprietário há três anos, foi hoje anunciado.

Segundo o presidente da Associação dos Doentes Angolanos em Portugal, Gabriel Chimuco, as refeições começaram a ser disponibilizadas na terça-feira.

Gabriel Chimuco, que falava à rádio pública angolana, entende que o pagamento de parte da dívida tem a ver com a forte pressão que está a ser feita junto das autoridades.

“Até porque já tínhamos enviado várias cartas ao senhor embaixador, Carlos Fonseca, das quais nunca tínhamos obtido nenhuma resposta. Os doentes que estão alojados nas pensões, quer na Pensão Alvalade e na Pensão Luanda estavam já há mais de 30 dias sem o pequeno-almoço, o almoço e sem o jantar”, referiu.

O presidente da associação frisou que “o proprietário das pensões resolveu suspender a atribuição de refeições aos doentes, porque o setor de saúde deve mais de três anos, mas desde terça-feira os doentes já têm o pequeno-almoço e o almoço”.

Relativamente aos doentes que não estão alojados nas pensões, Gabriel Chimuco disse que há 11 meses estavam sem receber o subsídio de sete euros diários, mas hoje já lhes foi atribuído o valor de um mês.

“São doentes com dieta específica e que o setor atribui um subsídio de sete euros por dia, e essas pessoas realizam as suas próprias refeições. Também hoje mesmo começaram a receber apenas um subsídio em atraso, mas estamos a falar de 11 meses de subsídios e está apenas reposto um mês de subsídio”, afirmou.

De acordo com a rádio pública angolana, o ministro da Saúde, Teté António, exonerou a responsável do setor de saúde junto da embaixada de Angola em Portugal, Rosa de Almeida, e nomeou para o lugar o antigo bastonário da Ordem de Médicos de Angola, João Bastos dos Santos.

Para Gabriel Chimuco, a questão da junta de saúde angolana “é muito séria”, defendendo que “enquanto não for definida, não estiver rubricada no Orçamento Geral do Estado vai ser muito difícil para qualquer gestor gerir o setor de saúde na diáspora, Portugal e África do Sul”.

“Fica muito difícil. Estamos a falar de dívidas muito avultadas, que vão de três milhões a cinco milhões, estamos a falar de dívidas para com hospitais, nomeadamente Cruz Vermelha, Hospital Champalimaud, de dívidas com as farmácias, com os doentes”, realçou.

Na segunda-feira, três dezenas de doentes angolanos em tratamento em Portugal queixaram-se de passar fome devido aos atrasos nos apoios, que levou o proprietário das pensões onde estão alojados a cortar a única refeição que recebiam, exigindo explicações da embaixada.

LUSA/HN

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