Lavar as mãos….

1 de Setembro 2020

Mais tarde ou mais cedo, a História irá contar o que se passou nestes últimos meses. Fará a descrição, apontará exemplos de sucesso, fracassos e ignomínias. É neste último grupo que se encaixam as aberrações que hoje elevamos a cromo.

António Costa anunciou ao país que a partir de agora a responsabilidade pelo controlo do COVID 19 passa a ser da população. De todos: famílias, sociedade em geral, putos da creche, meninos do liceu.

Lavou as mãos…. Foi o que fez.

Vista a coisa assim, pode até parecer que o Primeiro-Ministro tem razão para agir como Pilatos. Afinal de contas a população deve adotar os conselhos emanados pelas autoridades de saúde.

Isto, partindo do princípio de que tudo foi feito para incutir na população “cautela e caldos de galinha”.

Não é isso, todavia, o que aconteceu.
Demos uma vista de olhos pelo cenário atual.

Temos o número de novos casos a aumentar todos os dias (segundo Costa, esta semana bate a barreira do milhar/dia).

Não há consultas nos centros de saúde. Os cuidados de saúde primários permanecem confinados. Quem tiver dúvida que tente marcar consulta no seu centro de saúde ou unidade de saúde familiar. Isto para já não falar dos milhões de consultas que ficaram por fazer durante o confinamento.

Nos hospitais o cenário é semelhante. Testemunho na primeira pessoa: sou seguido por 7 especialidades diferentes e desde fevereiro que não tenho consultas. Ahhh: Sou doente crónico, com insuficiência renal, VIH, problemas neurológicos resultantes de um AVC Isquémico, pré-diabético, etc…

Vão cancelando e remarcando consulta atrás de consulta desde março.

Os exames auxiliares de diagnóstico que deveria fazer estão por marcar.

Não sou só eu que está assim. Está o país inteiro!|

E o tipo só se lembra de dizer que agora já não é com ele. Que lava as mãos

Mas há mais. Os médicos de saúde pública regressaram às fiscalizações das baixas e ao que parece têm ordens para revogar todas as que possam, exigindo relatórios de consultas que não foram realizadas por via do confinamento do SNS.

“Não tem relatório? Isso não é problema da segurança social mas da saúde”, ouvi gritar uma megera ainda do tempo em que a atividade se definia por “croquete e retrete”.

Tratam os inspecionados abaixo de cão.

Um dia destes apanham alguém mais mal disposto e temos fita, com o Bastonário a gritar que bateram num médico.

Entretanto, na administração da saúde temos o que tivemos desde o início: decisões mal fundamentadas, indecisões, falta de decisões e a arrogância de uma Ministra que foi contatada para uma realidade diferente daquela que é obrigada a gerir.

Estão reunidos os ingredientes perfeitos para um cocktail explosivo. Que iremos presenciar, não tenho dúvidas.

MMM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS de Braga certifica mais 35 profissionais no âmbito do Programa Qualifica AP

A Unidade Local de Saúde de Braga (ULS de Braga) finalizou, esta semana, o processo de certificação de mais 35 profissionais, no âmbito do Programa Qualifica AP, uma iniciativa desenvolvida em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), através do Centro Qualifica AP.

PCP apresenta medidas para “inverter a degradação” do SNS

O PCP apresentou esta sexta-feira algumas medidas urgentes para “inverter a degradação” do Serviço Nacional de Saúde (SNS), criticando as “políticas de vários governos” de PS, PSD e CDS, que abriram “caminho para a destruição” daquele serviço público.

DE-SNS mantém silêncio perante ultimato da ministra

Após o Jornal Expresso ter noticiado que Ana Paula Martins deu 60 dias à Direção Executiva do SNS (DE-SNS) para entregar um relatório sobre as mudanças em curso, o HealthNews esclareceu junto do Ministério da Saúde algumas dúvidas sobre o despacho emitido esta semana. A Direção Executiva, para já, não faz comentários.

ULS de Braga celebra protocolo com Fundação Infantil Ronald McDonald

A ULS de Braga e a Fundação Infantil Ronald McDonald assinaram ontem um protocolo de colaboração com o objetivo dar início à oferta de Kits de Acolhimento Hospitalar da Fundação Infantil Ronald McDonald aos pais e acompanhantes de crianças internadas nos serviços do Hospital de Braga.

FNAM lança aviso a tutela: “Não queremos jogos de bastidores nem negociatas obscuras”

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse esta sexta-feira esperar que, na próxima reunião com o Ministério da Saúde, “haja abertura para celebrar um protocolo negocial”. Em declarações ao HealthNews, Joana Bordalo e Sá deixou um alerta à ministra: ” Não queremos jogos de bastidores na mesa negocial. Não queremos negociatas obscuras.”

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights