Consulta de fragilidade dos Hospitais de Coimbra distinguida por prevenir fraturas nos idosos

8 de Setembro 2020

O serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) criou há dois anos a Consulta de Fraturas de Fragilidade para prevenir refraturas nos idosos, que foi recentemente distinguida pela Fundação Internacional da Osteoporose.

Nesta fase, a Consulta de Fraturas de Fragilidade identifica apenas doentes que tiveram fraturas ao nível do colo do fémur e ficam internados no serviço de ortopedia do CHUC, mas o objetivo é alargar o âmbito a outras fraturas a partir de 2021.

“Trata-se de uma cooperação entre o serviço da ortopedia e medicina clínica de reabilitação e a reumatologia, em que o serviço de reumatologia procura ativamente identificar doentes com fraturas já ocorridas e os convoca e seleciona para uma avaliação de seu risco em novas fraturas e para implementação de tratamento”, explicaram à agência Lusa a enfermeira Andrea Marques, doutorada em osteoporose, e a médica reumatologista Mariana Santiago, responsáveis pela consulta.

“Este serviço vem dar uma resposta a uma carência que foi identificada em Portugal. A taxa de tratamento farmacológico nestes doentes, com dados que levantámos a nível nacional, era de cerca de 14%”, sublinham as profissionais de saúde, salientando que o CHUC é o primeiro centro hospitalar universitário a implementar esta resposta.

No futuro, acrescentam, “o que se pretende com este tipo de serviço, que foi agora acreditado, é que, pelo menos, se chegue a taxas de 80/90% em termos de tratamento farmacológico e não farmacológico”.

Após a recuperação, em casa ou numa unidade de cuidados continuados, os doentes são sujeitos a uma avaliação presencial e os que estiverem em risco de refraturas são acompanhados durante um período de cinco anos, através de contactos telefónicos pela enfermeira para avaliar, em primeiro lugar, a adesão à terapêutica ou alguma dificuldade que tenha ocorrido.

Na consulta dos seis meses, que é telefónica, “existe uma boa taxa de adesão terapêutica”, salientaram as responsáveis, referindo que instituir terapêutica em idosos é, por vezes, um grande problema, sobretudo pelo facto de já tomarem muita medicação.

“Temos uma adesão de mais ou menos de 90%, o que é muito bom, porque nos outros estudos nacionais que temos, quando este serviço não existe, andamos à volta dos 20%, no máximo. Portanto, isto demonstra a mais valia que este serviço proporciona”, sublinham Andrea Marques e Mariana Santiago.

Durante o processo, a Consulta de Fraturas de Fragilidade vai relembrando os idosos para manterem a medicação prescrita, além de fazer um acompanhamento de proximidade e personalizado e a interligação entre cuidados de saúde do doente com a família e com outros profissionais que estão envolvidos no seu cuidado.

Cerca de 70% dos doentes da consulta são mulheres, “porque é uma patologia mais frequente em mulheres, contudo, quando afeta os homens a gravidade é maior, em termos de recuperação e da taxa de mortalidade”.

“Neste momento, tivemos de readaptar os ‘timings’ a que nos tínhamos proposto e o objetivo para este ano passa recuperar todas as desmarcações motivadas pela Covid-19 e observar todos os doentes que tiverem uma fratura do colo do fémur este ano”, frisaram.

Segundo as responsáveis da Consulta de Fraturas de Fragilidade do CHUC, em Portugal ocorrem anualmente cerca de 12 mil fraturas do colo do fémur, que vão provocar a morte a aproximadamente 1.500 pessoas.

“Tratar uma fratura da anca custa a todos nós cerca de 12 mil euros por ano. Se conseguirmos prevenir isso ou o surgimento de novas fraturas, que é o essencial, estamos, acima de tudo, a providenciar qualidade de vida”.

A partir deste mês, o serviço de reumatologia do CHUC inicia um projeto de prevenção de osteoporose, fraturas de fragilidade e quedas, em colaboração com os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Mondego, Pinhal Litoral e Pinhal Interior, com o apoio da Administração Regional de Saúde do Centro.

Em oito unidades de saúde piloto, os enfermeiros e médicos de família vão efetuar o rastreio da osteoporose a todas as pessoas com mais de 50 anos para avaliar o seu risco de fratura.

“Pretendemos saber, na realidade, quantos doentes é que estão em risco, porque sabemos que a prevalência da osteoporose em Portugal é cerca de 18% na população geral”, salientaram Andrea Marques e Mariana Santiago.

LUSA/HN

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