OCDE alerta para possíveis consequências no ensino escolar devido à pandemia

8 de Setembro 2020

As consequências negativas da pandemia de Covid-19 podem vir a estender-se à Educação, não só no funcionamento das escolas, mas também no financiamento e internacionalização do ensino, alertou esta terça-feira a OCDE.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou hoje a edição de 2020 do relatório “Education at a Glance”, que este ano conta com um novo capítulo dedicado ao impacto da pandemia de Covid-19.

Segundo a organização, ainda é cedo para prever quais as consequências negativas da pandemia no setor, mas os governos nacionais vão, certamente, “enfrentar decisões difíceis”, desde logo na alocação de recursos.

Em Portugal, essa é uma questão particularmente preocupante, uma vez que, recorda o relatório, em 2017 a despesa do país na Educação já foi inferior à média da OCDE.

Mas não é só o financiamento público que pode vir a ser prejudicado. “Com o aumento do desemprego, o financiamento privado também pode estar em risco. O impacto pode ser sobretudo severo nos países e níveis de ensino mais dependentes das despesas familiares”, lê-se no relatório.

É o caso dos berçários e creches particulares que, segundo dados de 2018, são responsáveis por receber, em Portugal, 96% do total de crianças que frequenta estas instituições. Mesmo no pré-escolar, em que é menos frequente o recurso ao privado, apenas 53% das crianças estão em jardins de infância públicos.

Por outro lado, os efeitos da pandemia já se estão a fazer sentir na forma de funcionamento das escolas, que em todo o mundo estão a adaptar-se às novas regras de higiene e segurança sanitária.

“A reabertura das escolas no contexto da pandemia depende da capacidade de manter uma distância de segurança de um a dois metros entre alunos. Para os países com turmas mais pequenas, poderá ser mais fácil respeitar as novas restrições”, refere o relatório.

Neste ponto, Portugal coloca-se em linha com a média da OCDE, com turmas compostas por uma média de 21 alunos no 1.º e 2.º ciclos.

O relatório alerta ainda para o impacto previsto na internacionalização do ensino superior, e se Portugal se tem posicionado acima da média da OCDE em relação à quota de estudantes internacionais, poderá, por isso, estar também entre os países a quem a previsível redução mais afeta.

Esta é, aliás, uma possibilidade que já foi admitida pelo Governo, que decidiu transferir parte das vagas destinadas aos alunos internacionais para o concurso nacional de acesso ao ensino superior, que este ano contou com um número recorde de candidaturas.

A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 889.498 mortos e infetou mais de 27,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.843 pessoas das 60.507 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

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