Agência Europeia de Medicamentos recomenda dexametasona em casos graves

18 de Setembro 2020

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou hoje a dexametasona para o tratamento dos casos graves de covid-19 que exigem a administração de oxigénio.

A decisão vem permitir que as empresas farmacêuticas que fabricam este medicamento, um corticoesteroide habitualmente utilizado noutras situações, solicitem que a utilização para o tratamento da covid-19 nestes casos seja oficialmente incluída na sua autorização de comercialização.

“Com base nos dados disponíveis, a EMA aprova o uso de dexametasona em adultos e adolescentes (maiores de 12 anos e com pelo menos 40 kg) cuja condição requer a administração de oxigênio”, afirma a agência num comunicado citado pela agência AFP.

Em particular, a EMA apoia a decisão nas conclusões do estudo RECOVERY, da Universidade de Oxford, que foram divulgados em junho.

“Em pacientes intubados, 29% daqueles tratados com dexametasona morreram após 28 dias de tratamento, em comparação com 41% daqueles que não receberam o tratamento”, lembra a EMA.

“Em pacientes que receberam oxigênio sem serem intubados, esses números foram de 23% com dexametasona e 26% sem”, acrescenta.

Por outro lado, “não foi observada redução do risco de morte nos pacientes que não receberam oxigênio”, conclui a EMA.

Além deste estudo sobre a dexametasona, uma série de estudos publicados em 02 de setembro na revista médica americana Jama mostrou que os medicamentos de toda a família dos corticosteróides podem reduzir a mortalidade em 21% após 28 dias em casos graves de covid-19.

Nenhum outro medicamento demonstrou ainda efeitos significativos na redução da mortalidade, o que levou a Organização Mundial da Saúde a recomendar “o uso sistemático de corticosteróides em pacientes com forma grave ou crítica” da doença.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 946.727 mortos e mais de 30,2 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.894 pessoas dos 67.176 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

LUSA/HN

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