Especialistas querem estratégia coordenada no inverno para evitar colapso das urgências

7 de Outubro 2020

Especialistas da área da saúde defendem que é urgente uma estratégia coordenada que integre as entidades regionais e locais para que as urgências hospitalares não colapsem, porque neste inverno à pressão da gripe junta-se a da Covid-19.

Num artigo publicado na Acta Médica Portuguesa, a revista científica da Ordem dos Médicos, um conjunto de especialistas, entre eles o ex-diretor-geral da saúde Constantino Sakellarides, criticam o Plano de Inverno apresentado pelo Governo, que dizem ser tardio, pois ainda tem de ser apreciado pelo Conselho Económico e Social e pelo Conselho Nacional de Saúde.

“Além disso, é muito intencional e pouco operacional, verificando-se a ausência de um enquadramento estratégico, priorização das medidas, quantificação, um cronograma, definição de responsabilidades, financiamento associado, gestão dos recursos humanos e procedimentos em caso de sobrelotação”, sublinham.

O artigo, que conta com a colaboração de especialistas de unidades como o Hospital São Francisco Xavier (Lisboa), da NOVA Medical School/Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, do Hospital Fernando da Fonseca e da Escola Nacional de Saúde Pública, refere que o plano apresentado “não presta atenção às necessidades dos profissionais de saúde, muito acentuadas por esta crise”.

Os especialistas lembram que Portugal é o país europeu onde as pessoas recorrem mais às urgências hospitalares e alertam que, se não houver uma atuação a montante, estas podem colapsar pois “o internamento irá transbordar”.

“Entraremos numa nova fase de cancelamento da atividade programada com consequências catastróficas para a saúde das populações”, afirmam os especialistas, defendendo que a estratégia para o inverno deve ser construída “de forma participada” e exige “um acordo mínimo com as profissões e um compromisso multissetorial”.

“Estes são tempos excecionais, que requerem respostas excecionais: os modelos conhecidos de operar foram interrompidos e o novo normal ainda não emergiu”, afirmam.

LUSA/HN

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