Misericórdias apresentam novo modelo de apoio domicliário para promover autonomia

7 de Outubro 2020

As Misericórdias apresentam hoje um novo plano de apoio domiciliário, que pretende ser um incentivo a que os idosos ou dependentes fiquem nas suas casas até mais tarde, com assistência e apoio das novas tecnologias para as suas necessidades.

Os novos Serviços de Apoio Domiciliário (SAD) que a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) apresentam hoje numa cerimónia restrita em Fátima, devido aos constrangimentos impostos pela pandemia de covid-19, são “um tijolo” de novos modelos de respostas sociais integrados no projeto Lar do Futuro – Envelhecer em Portugal, que terá também novos modelos de lares e centros de dia, que as Misericórdias querem apresentar até ao final do ano.

“As pessoas com muitos anos têm cada vez mais apetência para ficar em casa e cada vez vão ser mais ambiciosas em relação ao que querem da sua qualidade de vida. Isto é muito importante e é legítimo. Uma pessoa com 80 anos que está em casa quer estar com os amigos de vez em quando, poder ir jantar fora, poder ir ao cinema. Isto não são coisas supérfluas, são coisas que fazem a qualidade da nossa vida. É isto que achamos que o apoio domiciliário tem que dar resposta”, disse à Lusa o vice-presidente da UMP, Manuel Caldas de Almeida.

O novo modelo de SAD quer autonomizar e desinstitucionalizar pessoas idosas e pessoas com dependências funcionais, sempre que o apoio domiciliário lhes garanta qualidade de vida.

Segundo os dados da UMP, as Misericórdias apoiam cerca de 13 mil utentes ao domicílio, com 369 serviços de apoio domiciliário disponíveis.

A mudança na UMP arranca já em novembro, com seis Misericórdias em projeto-piloto, sem acréscimo de recursos humanos, mas com uma grande aposta nas novas tecnologias, que vão permitir alargar a resposta nos apoios que as pessoas necessitam, que apesar de implicarem um investimento inicial e um aumento de custos para as instituições, ficará “sempre mais barato do que institucionalizar”, sublinhou Caldas de Almeida.

“Também é verdade que a institucionalização vai ficar cada vez mais reservada para as grandes dependências e para as grandes fragilidades”, disse, frisando que esse será o papel que caberá aos novos modelos de lares e de centros de dia, a apresentar até ao final do ano.

“Neste momento ser velho em Portugal é difícil. As respostas que estão preparadas, quer a nível de apoio domiciliário, quer de lar, quer de centro de dia, já não dão resposta àquilo que as pessoas precisam. Isto explodiu agora com a covid-19 nos lares. Percebeu-se de repente que os lares não são serviços hoteleiros, não são pessoas que estão lá só para ter cama, mesa e roupa lavada. São pessoas muito velhas, com doenças crónicas, com demência, com uma série de questões de fragilidade que obrigam a que os lares sejam completamente diferentes”, disse.

A UMP desenvolveu o projeto em colaboração com várias universidades em áreas como enfermagem, fisioterapia, novas tecnologias, e outras, que permitam definir o modelo de instituições e de competências necessárias para os profissionais nos lares e centros de dia nos próximos anos, estando também a trabalhar com ordens profissionais nesse sentido.

Para Manuel Caldas de Almeida os centros de dia serão “soluções excelentes” no futuro para famílias com pessoas com demências em fases iniciais, desde que os centros de dia sejam completamente diferentes daquilo que são hoje, a começar pelos horários de funcionamento, que devem ser alargados, e pela resposta e atividade que desenvolvem, deixando de funcionar “como depósitos”, para passarem a ser centros de estímulo neurológico e de encontro com os outros.

“Há uma vantagem enorme em desenvolver o centro de dia, para já porque vai ao encontro do que as pessoas precisam e depois há uma vantagem económica, porque é muitíssimo mais barato ter pessoas com dependência funcional ou com demência em casa das famílias com suporte de centro de dia do que estar a pô-las todas em lar”, disse.

Segundo o responsável, os lares, que terão que sofrer grandes transformações arquitetónicas, o que representa custos elevados, ficarão no futuro reservados para pessoas muito velhas, nos seus últimos anos de vida, com várias doenças, dependências, sem família para prestar apoio ou sem condições de o receber nas suas casas devido à complexidade dos cuidados exigidos, transformando-se em instituições de cuidados de saúde e de cuidados continuados.

“Há aqui outras coisas importantes que vamos ter que trabalhar como a questão da sustentabilidade. Nós somos dos países mais pobres da Europa e um dos países com mais velhos da Europa. Isto é uma mistura explosiva. Temos um risco enorme de começarmos a não ter dinheiro para tratar das pessoas mais velhas. Temos que pensar nisso agora. Como é que os Governos e as Misericórdias vão encarar isto?. Isto vai implicar uma reengenharia da parte das Misericórdias, que têm que encontrar maneira de financiar aquilo que o Estado não puder financiar”, disse o vice-presidente da UMP.

“Isto não é um sonho nem uma miragem, é algo que achamos que é completamente fazível e que tem que ser feito rapidamente. Na UMP achamos que se não cumprirmos isto, daqui a 10 anos vai ser muito mau ser velho em Portugal”, afirmou.

LUSA/HN

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