Câmara de Lisboa prepara novo centro de emergência para sem-abrigo

10 de Outubro 2020

A Câmara de Lisboa está a preparar um novo centro de emergência para sem-abrigo que deverá estar concluído em janeiro e permitirá aumentar a capacidade de acolhimento das 220 vagas atuais para cerca de 280.

“Creio que a partir de janeiro estaremos com obra feita”, disse à Lusa o vereador responsável pelo pelouro dos Direitos Sociais, Manuel Grilo (BE, partido que tem um acordo de governação da cidade com PS).

Atualmente, a Câmara Municipal de Lisboa tem quatro centros de acolhimento de emergência para pessoas em situação de sem-abrigo, que abriram no início da pandemia, com capacidade para acolher 220 pessoas: no Pavilhão Municipal Casal Vistoso, na Casa do Largo (exclusivo para mulheres), na Pousada da Juventude do Parque das Nações e na Casa dos Direitos Sociais da autarquia (para onde foram transferidas no início do mês as pessoas que estavam no centro instalado no Clube Nacional de Natação).

“A partir de janeiro teremos de sair seguramente do pavilhão do Casal Vistoso, estamos já a preparar um outro centro com mais capacidade, aliás, do que o próprio Casal Vistoso, cremos que irá até às 150 vagas”, adiantou o autarca, salientando que o objetivo é “garantir uma resposta ainda mais robusta” na cidade de Lisboa para os sem-abrigo e “retirar todas as pessoas da rua”.

Sem revelar onde ficará localizado o novo equipamento, Manuel Grilo lembrou que a criação destes centros “foi uma resposta absolutamente necessária no início da pandemia” e, mais de meio ano depois, “continua a ser necessária”.

Por isso, irá manter-se “enquanto se mantiver esta crise, que é uma crise também social, é a crise que atira pessoas para a rua”, com muitos a chegarem recentemente à situação de sem-abrigo.

“A pressão para entrar [nos centros] continua, o número de pessoas em situação de sem-abrigo na cidade de Lisboa é muito grande ainda, de pessoas que dormem na rua”, afirmou, recordando que a mais recente contagem “dava acima de 250 pessoas” sem-abrigo.

 Contudo, esse número não está estabilizado, porque todos os dias a Câmara de Lisboa tira pessoas da rua, “mas também todos os dias estão a chegar pessoas à rua, pessoas que perdem a sua casa, de pessoas que perdem o seu emprego, pessoas que muitas vezes vêm de outras regiões do país, situações muito dramáticas de pessoas LGBTI [lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo]” que saem das suas residências habituais e vêm para Lisboa , caindo “rapidamente em situação de sem-abrigo”.

Questionado se a crise económica e social provocada pela pandemia de covid-19 agravou a situação, o vereador com o pelouro dos Direitos Sociais reconheceu que “os números dispararam”.

“Estamos a responder com o que podemos, mobilizando todos os recursos da Câmara Municipal de Lisboa”, afirmou.

O objetivo, insistiu, é que todas as pessoas, num prazo o mais curto possível, tenham “soluções adaptadas a si e que permitam uma completa autonomia”, seja no domínio da habitação, nomeadamente através do programa ‘Housing First’, como em termos de emprego.

“Não há prazo nenhum [para ficar nos centros de acolhimento], as pessoas ficarão o tempo que entenderem, nós junto delas procuramos encontrar respostas adaptadas a cada situação”, sustentou.

LUSA/HN

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