Os dados relativos à Saúde têm sido sempre apresentados de forma opaca, misturando alhos com bugalhos, e de onde se retiram assim conclusões erradas, muitas vezes com fins políticos.

 Os quadros abaixo, elaborados a partir dos dados da Conta Satélite da Saúde 2018, a última conhecida, demostram a realidade relativa a Hospitais, Ambulatório (consultas), e Meios Complementares de Diagnóstico e Tratamento (MCDTs).  Ou seja, analisam a prestação de cuidados de saúde, excluindo-se as Farmácias, Transportes, Unidades de Reabilitação e afins.

A ADSE que naquela conta ainda aparece como sendo financiamento público foi deslocada para o financiamento privado, porque de facto a ADSE, hoje em dia, é financiada a 100% pelos descontos dos Funcionários Públicos e funciona como um seguro privado

Deles se retira o seguinte:

Os Hospitais representam 58,5% do financiamento da Prestação de Cuidados de Saúde, sendo a relação entre Público e Privado de 3 para 1 em favor do Público (72,9 % e 27,1 %)

Absorvem 80% do financiamento publico relativo à prestação de Cuidados de Saúde e 30% do financiamento privado.

No Ambulatório, que representa 24,7 % do total, assiste-se ao inverso, 3 para 1 a favor do privado (72,6% e 27,4%). O que é algo surpreendente porque o Ambulatório inclui toda a rede dos Cuidados de Saúde Primários. A explicação poderá estar no facto de no sector público o ambulatório da maioria das especialidades ser feito nos hospitais e estar integrado na conta Hospitais e não no Ambulatório. O que a ser verdade implica uma segunda leitura sobre os hospitais devendo, para comprar com o sector privado, retirar das contas dos hospitais o seu ambulatório.

Já os MCDTs, devido ao sistema de convenções, é em 89,7 % realizado por “privados” mas com o seu financiamento assegurado pelo estado (83,3 %)

Contudo, com um peso de 4,5% do total, representam apenas 4,2 % do total financiamento público da prestação de cuidados de saúde.

A ressaltar que o quadro com o total da prestação de cuidados de saúde mostra que a prestação pública representa 53,3 % e a privada 46,7% enquanto o financiamento público no conjunto da prestação de cuidados de saúde representa 2/3 ( 66,3%) e o privado 1/3 (33,7%). Do financiamento público apenas 21,9% é usado para financiar a prestação privada.

Quanto ao total da Despesa em Saúde, temos que dos quase 20 mil milhões de euros 40 % são de prestação pública e 60 % de prestação privada (incluído farmácias/Indústria farmacêutica  e afins, transportes e outros) sendo que a prestação privada é financiada em 44,4 % pelo Estado “levando” 41% do financiamento público.

O conjunto da despesa em farmácia e afins (medicamentos e dispositivos médicos)  representa 18% da despesa total e 26%  da despesa privada. É financiada quase metade metade pelo Estado e Famílias (47,15 % , e 52,85% respetivamente)

PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAUDE- CONTAS DA SAUDE 2018

(em milhões de euros)

Nos quadros abaixo o peso de cada sector, quer na prestação quer no financiamento.

O peso dos MCDTs , realizados na sua quase na totalidade por privados mas de financiamento quase exclusivamente publico, é tão pequeno (pelo baixo valor das suas tabelas)  que se os retirarmos das contas totais, estas pouco se alteram.

Contudo acabar com aquele que de longe é o setor mais eficiente da saúde e o de melhor acessibilidade é desígnio consagrado pela Nova Lei de Bases da Saúde aprovada ideologicamente à Esquerda e para isso já se está a falar em aproveitar os fundos europeus para equipar os Centros de Saúde com MCDTS. Só quem não conhece a realidade é que não percebe o tremendo erro e desperdício desta medida.

A DESPESA TOTAL DA SAUDE E A FARMACIA

 Os quadros seguintes mostram a despesa total na Saúde e o peso da Farmácia e Afins nesta despesa,  bem como ela é financiada.

Quanto ao total da Despesa em Saúde, temos que dos quase 20 mil milhões de euros 40 % são de prestação pública e 60 % de prestação privada (incluído farmácias/Indústria farmacêutica  e afins, transportes e outros) sendo que a prestação privada é financiada em 44,4 % pelo Estado “levando” 41% do financiamento público.

TOTAL DA DESPESA DA SAUDE (2018)

(em milhões de euros)

O conjunto da despesa em farmácia e afins (medicamentos e dispositivos médicos)  representa 18% da despesa total, 26%  da despesa privada na Saúde e 14 % da Pública. É financiada quase metade-metade pelo Estado e Famílias (47,15 % , e 52,85% respetivamente)

DESPESAS EM FARMACIA E AFINS (MEDICAMENTOS E DISPOSITIVOS  MÉDICOS)

(em milhões de euros)

DESPESAS SÓ EM FARMACIA

(em milhões de euros)