Vivemos tempos conturbados a todos os níveis, isso não é novidade para ninguém. Às novas rotinas, tanto na vida pessoal como na atividade profissional somam-se os receios comuns a todos e a frustração de não podermos exercer a Medicina Geral e Familiar que escolhemos e em que acreditamos. O contato próximo com os nossos utentes, o estar presente e disponível tornou-se mais difícil e é necessário reinventar a consulta e o ser médico de família. Mas não é tempo de esmorecer. Hoje mais do que nunca é necessário afirmar e confirmar o papel e a relevância dos cuidados de saúde primários num sistema nacional de saúde que se quer eficiente e humano.

Foi no meio deste contexto que me surgiu o convite para integrar o projeto da Nova APMGF. Nova, não no sentido de rutura ou de negação do passado, mas sim Nova para dar resposta aos desafios atuais.

As fragilidades reveladas pela pandemia reforçam a importância dos cuidados de saúde primários para garantir a sustentabilidade de todo o SNS. O médico de família deve continuar a ser o provedor do utente, independentemente das patologias que o acometam. A Medicina Geral e Familiar não é nem nunca foi a especialidade de uma doença ou de um sistema, devendo continuar a olhar para o utente no seu todo.

Os internos de MGF precisam de conseguir acreditar na especialidade que escolheram e merecem receber um internato que os capacite para a atividade clínica futura. É nesse sentido que nos propomos a ser parceiros na sua formação, com a dinamização de várias atividades formativas, mas também trabalhando em proximidade com o Colégio de Especialidade no desenvolvimento de um perfil de orientador de formação e na uniformização de critérios de avaliação.

A Nova APMGF pretende ser inclusiva e representativa de todos os Médicos de Família porque acreditamos que todos os contributos são válidos e nos fortalecem.

Não somos um projeto fechado em si mesmo, havendo lugar para todos os que a nós se queiram juntar na defesa da APMGF e na dignificação da Medicina Geral e Familiar.