HIV-SIDA está a aumentar entre raparigas na África do Sul com 7,6 milhões de infetados

1 de Dezembro 2020

O vice-presidente da África do Sul, David Mabuza, alertou hoje para a continuação do aumento de infeções pelo VIH, no país onde 7,6 milhões de pessoas vivem com o vírus, em particular raparigas dos 10 aos 14 anos.

“O nível de infeção continua a aumentar entre estas jovens. Existem muitos fatores que estão na base deste agravamento, incluindo a nova epidemia da violência do género e a falta de acesso à educação, e nós [homens] somos parte do problema”, salientou o governante sul-africano.

David Mabuza, que falava na qualidade de presidente do Conselho Nacional da Sida da África do Sul (SANAC, na sigla em inglês), no Soweto, arredores de Joanesburgo, a propósito do Dia Mundial de Combate à Sida, destacou na sua intervenção a história pessoal de uma jovem adolescente sul-africana que contou ter sido violada aos 6 anos de idade.

Um estudo do Conselho Nacional de Sida da África do Sul, divulgado hoje, indica que o aumento do número de infeções por HIV se verifica entre jovens raparigas na faixa etária dos 10 aos 14 anos, a mais visadas por homens, segundo um porta-voz.

“O estudo feito em Tembisa [bairro negro nos arredores de Joanesburgo] indica que as jovens dos 10 aos 14 anos estão também a ser infetadas, e é preocupante porque que não estão a ser infetadas pela falta de prevenção na transmissão de mãe para filha, cujo programa está a ser um sucesso na África do Sul”, salientou o porta-voz Steve Letsire,

“Precisamos que os homens parem de visar meninas jovens, porque estas meninas não fazem parte do seu grupo etário e não deveriam violar os direitos de jovens meninas”, adiantou ao canal de televisão sul-africano Newsroom Afrika.

Com 13,5% da população total infetada pelo vírus, a África do Sul continua a ter o maior número de infetados com HIV no mundo, com cerca de 7,6 milhões de pessoas a viver com o vírus, sendo responsável por um terço de todas as novas infeções por HIV na África Austral, segundo as Nações Unidas.

De acordo com as autoridades sul-africanas de saúde, o país tem atualmente o maior programa de tratamento anti-retroviral do mundo, com cerca de 4.5 milhões sul-africanos em tratamento, salientando que 90% das pessoas que têm o vírus conhecem o seu seroestado.

O Presidente da República Cyril Ramaphosa declarou na segunda-feira que, embora a África do Sul tenha feito avanços significativos na redução do número de mortes relacionadas com o HIV e de novas infeções, o país está longe de atingir a meta estabelecida em 2016 para reduzir em 75% o número de infeções por HIV até 2020.

“E se conseguirmos fazer isso, provavelmente acabaremos com a Sida como ameaça à saúde pública em 2030”, adiantou o chefe de Estado sul-africano no seu boletim semanal por ocasião do Dia Mundial do Combate à Sida.

Ramaphosa sublinhou que “o programa nacional de tratamento reduziu em cerca de 60% o número de infeções no país”.

O líder sul-africano referiu ainda que desde a eclosão do surto da Covid-19 em março, que já infetou cerca de 800 mil pessoas e causou mais de 21 mil mortes no país, o confinamento dificultou o acesso ao tratamento anti-retroviral e a outros serviços como a circuncisão médica masculina voluntária.

A académica sul-africana Edna Bosire, do Centro de Excelência de Desenvolvimento Humano da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, alertou recentemente que a África do Sul “enfrenta um fardo quádruplo de doenças”, destacando o HIV, a tuberculose (TB), as doenças não transmissíveis, como a diabetes tipo 2 e as lesões devido à elevada taxa de violência.

De acordo com a investigadora sul-africana, na África do Sul há um número crescente de pessoas com HIV que está a desenvolver doenças não transmissíveis, especialmente entre as populações pobres em ambientes socioeconómicos urbanos de baixo rendimento e em áreas rurais.

“O aumento do número de pessoas com múltiplas doenças crónicas exige um atendimento melhor, integrado e centrado no paciente, mas o sistema de saúde pública do país, que atende a maioria da população, está sobrecarregado e descoordenado, os pacientes que acedem a cuidados de hospitais públicos enfrentam tempos de espera mais longos, menos exames e falta de medicamentos”, frisou a investigadora num artigo académico.

LUSA/HN

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