Especialistas defendem que adoçantes continuam a ser a alternativa mais saudável ao açúcar

4 de Dezembro 2020

Vários especialistas e nutricionistas alertam para a necessidade de reduzir a quantidade de açúcares na alimentação, defendendo que os adoçantes são a alternativa mais saudável ao açúcar. Estes afirmam que a quantidade diária de um adulto está acima dos valores recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

Foi Durante o webinar “Salud, Sabor Dulce y Placer: Es factible?”, organizado pela Sociedade Argentina de Nutrição e pela ISA – Associação Internacional de Adoçantes na quarta-feira, que Adriana Gámbaro, Professora e Diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia Alimentar da Faculdade de Química da Universidade da República, no Uruguai, alertou para a necessidade de “reduzir o consumo de açúcares, tanto dos refinados como dos naturais”.

Monica Katz, presidente da Sociedade Argentina de Nutrição, considera que, apesar do esforço na diminuição da quantidade de açúcar presente nos alimentos, o açúcar continua a ser utilizado de forma inadequada.

Durante o evento, Gámbaro sublinhou a forma como os adoçantes atuam no organismo. “Existem muitas estruturas químicas que se parecem com o açúcar, como é o caso da sacarose, aspartame ou sacarina, entre outros”, mas apesar de a perceção do sabor doce ser influenciado por fatores fisiológicos, patológicos ou hábitos adquiridos, “a indústria dos adoçantes tem o potencial de facilitar um regime alimentar mais saudável, sem que a população tenha de tomar grandes decisões para alterar as suas escolhas alimentares”.

Já no que respeita ao papel dos adoçantes sem calorias no controlo de peso, Brian Cavagnari, Médico Pediatra, Especialista em Nutrição e Investigador, refere que “a substituição de edulcorantes calóricos por não calóricos poderá ser benéfica para diminuir a ingestão de calorias, em geral, e a de açúcares, em particular”. Tal acontece porque o açúcar e os adoçantes, quando comparados, permitem concluir que esta última opção é a mais indicada para a perda de peso, principalmente se a pessoa em questão tiver excesso de peso ou obesidade.

O nutricionista recusa que a utilização de edulcorantes sem calorias conduzam para um aumento de peso, considerando insuficiente e infundado as conclusões de alguns estudos.

“Apesar de certos estudos observacionais associarem a utilização de edulcorantes sem calorias ao aumento de peso, tal não significa que estas substâncias sejam as responsáveis. Tal apenas confirma que os edulcorantes sem calorias têm uma maior probabilidade de serem consumidos por pessoas com excesso de peso. Logo, estes estudos não são capazes de demonstrar uma relação causal”.

Em contrapartida diz que os “os ensaios clínicos controlados, aqueles que podem mostrar causalidade, concluem que a substituição de açúcares por edulcorantes sem calorias ajuda a diminuir a ingestão de energia e, consequentemente, o peso corporal dos adultos”.

Estima-se que o açúcar represente, em média, entre 13 a 25% da ingestão diária de um adulto, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde se situa entre os 5 e os 10%.

A segurança dos adoçantes de baixas calorias aprovados tem sido repetidamente avaliada e confirmada pelos órgãos reguladores e científicos de avaliação de risco em todo o mundo, como o Comité Misto FAO/OMS de peritos no domínio dos aditivos alimentares (JECFA), a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) e Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA).

PR/HN

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