Cabo Verde seduz estrangeiros com visto para teletrabalho a partir do arquipélago

10 de Dezembro 2020

Cabo Verde pretende seduzir cidadãos europeus, americanos e de países de língua portuguesa para trabalharem remotamente a partir do arquipélago, através de um programa que permite estadias de seis meses com um visto temporário de trabalho.

O programa “Remote Working Cabo Verde” surge quando o arquipélago, atualmente com uma reduzida incidência de Covid-19, mas sem turismo praticamente desde março, tenta relançar o interesse internacional como destino de sol e praia, reforçado pela conjuntura segura face à pandemia, depois do reforço da capacidade laboratorial de despiste da doença e já com unidades de saúde certificadas internacionalmente.

Lançado oficialmente pelo Governo cabo-verdiano este mês, o programa consiste num visto temporário de trabalho com a duração de seis meses, com possibilidade de renovação por igual período, num custo total por pessoa de 54 euros, prevendo isenção do pagamento de imposto sobre o rendimento para os trabalhadores independentes que se fixem no arquipélago em teletrabalho.

Sol, praia, hospitalidade, tranquilidade e uma ligação garantida à Internet de alta velocidade, para “trabalhar enquanto aprecia a beleza natural do país”, são argumentos apresentados na campanha no exterior, consultada pela Lusa e que é válida para trabalhadores independentes e respetivas famílias.

O programa, cujas candidaturas podem ser apresentadas por via eletrónica, destina-se apenas a cidadãos de países da Europa, América do Norte, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Obriga, além de um teste negativo para Covid-19 para entrar no arquipélago, à apresentação de prova de rendimentos, nomeadamente um saldo médio bancário de pelo menos 1.500 euros nos últimos seis meses, para um visto individual, e de 2.700 euros para um visto de família.

Segundo o ministro do Turismo, Carlos Santos, trata-se de um programa que se insere na retoma do turismo em Cabo Verde, após as restrições devido à pandemia de Covid-19, tentando em simultâneo diversificar a oferta turística cabo-verdiana. Acrescenta que surge precisamente numa altura em que o teletrabalho ganha força, no contexto da pandemia, já que “de repente, as pessoas deram conta que é possível trabalhar longe das empresas”.

“Ou seja, fora dos espaços ou dos escritórios. E aqui o que está a ser feito é aproveitar esta nova largada, esta ênfase que se está a colocar nos nómadas digitais para se conseguir, então, aproveitar essa oportunidade de negócio”, afirmou Carlos Santos.

Com a aposta em curso, anterior à pandemia, num ‘hub’ tecnológico no arquipélago, e tirando partido da localização estratégica entre África, Europa e América, o ministro garante o objetivo de juntar as vantagens competitivas de Cabo Verde: “Ou seja, será a economia digital a dar cartas numa altura em que trabalhar fora dos escritórios começa a ser uma realidade e ganha maior importância, devido à condição de distanciamento e de não aglomeração de pessoas”.

Cabo Verde registou em 2019 um recorde de mais de 819 mil turistas, mas de 19 de março a 12 de outubro esteve fechado a voos internacionais comerciais, devido à pandemia, e só a partir deste mês está prevista a retoma do turismo por parte dos maiores operadores internacionais.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Saliva ativa coagulação em pessoas com hemofilia A

Um estudo recente liderado pela Universidade Médica de Viena revelou que a saliva contém vesículas especiais que desencadeiam a rápida coagulação do sangue em pacientes com hemofilia A. A investigação, publicada na revista científica “Blood”, oferece novas perspetivas sobre os mecanismos de coagulação nesta doença hereditária, contribuindo significativamente para uma melhor compreensão da patologia.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights