Ordem denuncia videovigilância a substituir enfermeiros em Penafiel

15 de Dezembro 2020

A Ordem dos Enfermeiros (OE) acusou hoje a direção do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) de estar a colocar “profissionais sem experiência em cuidados intensivos” a cuidar doentes covid-19 e de ter substituído enfermeiros por videovigilância.

“Foram instaladas câmaras de vídeo vigilância, o que é manifestamente ilegal e, como tal, recusado pelos profissionais”, refere a Ordem em comunicado, contando que “o conselho de administração [do CHTS], num primeiro momento, deu razão aos enfermeiros, deliberando que a unidade se mantivesse como nível 2 [sem doentes ventilados], enquanto não fossem criadas novas instalações”, mas a situação mudou.

De acordo com a OE, “face à ameaça de demissão da diretora do Serviço de Medicina Intensiva, até ao momento a situação mantém-se”, tendo sido denunciada ao Ministério da Saúde, à Comissão Nacional de Proteção de Dados e ao Ministério Público.

A OE descreve que, no Hospital de Penafiel, uma das unidades do CHTS, “os doentes covid-19 que necessitam de ventilação estão a ser internados numa unidade sem condições” e cuidados por “profissionais sem experiência em cuidados intensivos”.

“A denúncia foi feita à Ordem e é assinada por um grupo de enfermeiros que foram colocados nesta unidade sem terem recebido qualquer tipo de formação e integração em cuidados intensivos, e que consideram que a situação adotada compromete a saúde dos doentes e não garante as condições de exercício de Enfermagem com qualidade e segurança”, lê-se no comunicado.

A OE descreve que “a equipa não possui as competências necessárias para a prestação do cuidado exigido”, razão pela qual se “desresponsabiliza civil e disciplinarmente pelos acidentes ou incidentes que possam ocorrer na sequência da falta de conhecimento para a prestação de cuidados”.

O CHTS junta os hospitais de Penafiel e o de Amarante e chegou a registar no mês passado 10% dos internamentos covid-19 a nível nacional com o pico a registar-se a 03 de novembro com pico de 235 doentes internados com o novo coronavírus.

A OE denuncia também “anómalas condições físicas da estrutura e da organização do serviço”, estando em causa de acordo com a OE “a falta de condições de vigilância e de cuidados a doentes com covid-19 ventilados”.

A agência Lusa contactou o CHTS que, via mensagem escrita, referiu que hoje não seria possível dar resposta ao pedido de esclarecimento.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.621.397 mortos resultantes de mais de 72,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 5.733 pessoas dos 353.576 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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