Inquérito revela que quase 80% dos africanos tomaria vacina

17 de Dezembro 2020

A maioria dos africanos (79%) tomaria uma vacina "eficaz e segura" para a Covid-19, revela um inquérito do Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC) hoje divulgado.

Feito em parceria com a London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), o estudo mostra que, quatro em cada cinco dos inquiridos, tomaria uma vacina Covid-19 “se esta fosse considerada segura e eficaz”.

Conduzido entre agosto e dezembro de 2020, o inquérito entrevistou mais de 15 mil adultos em 15 países africanos: Burkina Faso, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Etiópia, Gabão, Quénia, Malawi, Marrocos, Níger, Nigéria, Senegal, África do Sul, Sudão, Tunísia e Uganda.

Os dados do inquérito mostram variações significativas entre países e entre as cinco regiões do continente, de 94% e 93%, respetivamente, na Etiópia e no Níger para 65% e 59%, respetivamente, no Senegal e na República Democrática do Congo.

O estudo visou avaliar o conhecimento e as perceções do público sobre a pandemia e a vacina para a Covid-19, num contexto de “declínio global na aceitabilidade de vacinas devido a dúvidas sobre a sua eficácia e segurança e à disseminação de desinformação”.

Em geral, os inquiridos fazem depender a vontade de tomar ou não uma vacina para a Covid-19 “das perceções sobre a sua importância, segurança e eficácia”.

Cerca de 18% dos inquiridos acreditam que as vacinas geralmente não são seguras e 25% que uma vacina para a Covid-19 não será segura.

Alguns dos inquiridos expressaram desconfiança em relação às vacinas em geral, enquanto outros desconfiam especificamente da vacina para a Covid-19.

Os inquiridos mais velhos, os que conhecem alguém que testou positivo para o novo coronavírus e os que vivem em zonas rurais são mais favoráveis a tomar uma vacina do que os mais jovens, os que desconhecem casos próximos de Covid-19 e os que vivem em zonas urbanas.

Os dados apontam para que a rejeição da vacina está ligada à desinformação, com a maioria dos que disseram que não tomariam uma vacina acreditarem que a doença é de origem humana, não existe, ou é exagerada e não representa uma ameaça grave.

Outros consideram que não estão em risco de serem infetados com o vírus ou acreditam que os remédios naturais e os medicamentos alternativos são mais seguros do que as vacinas.

Indivíduos que tiveram um teste positivo mostraram-se convencidos de que estão imunes à doença e já não podem ser infetados.

Os inquiridos mencionaram a Organização Mundial de Saúde (OMS), profissionais de saúde, governos, empresas farmacêuticas, Aliança para as Vacinas (Gavi) e África CDC como as fontes de confiança para aprovação, em termos de segurança e eficácia, de uma vacina Covid-19.

De acordo com os promotores do estudo, estas conclusões sublinham “a necessidade crítica” de envolvimento das comunidades e a “necessidade de uma educação e sensibilização construtivas para fornecer informações essenciais que permitam aos indivíduos tomar uma decisão informada de aceitar uma vacina Covid-19”.

“Envolver as comunidades e responder às suas preocupações e necessidades de informação em torno da vacina será crucial para construir confiança não só em torno da vacina Covid-19, mas para as vacinas em geral”, disse Heidi Larson, uma das responsáveis pelo estudo e diretora do “The Vaccine Confidence Project” na London School of Hygiene & Tropical Medicine.

Por seu lado, o diretor do África CDC, John Nkengasong, considerou que o estudo “é revelador e fornece provas científicas fundamentais para orientar as intervenções do CDC africano, estados membros e parceiros para a otimização da utilização da vacina Covid-19 em todo o continente”.

LUSA/HN

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