Pneumologistas pedem a doentes com agravamento de DPOC para irem ao hospital

21 de Dezembro 2020

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) alertou hoje que quem sofre de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e tiver um agravamento da situação deve ir às urgências pois há situações que só se conseguem resolver no hospital.

“Tal como um enfarte do miocárdio ou um AVC, uma exacerbação grave de DPOC implica o recurso a uma urgência hospitalar e eventual internamento, pelo que os doentes não podem ficar em casa à espera que os sintomas se resolvam espontaneamente”, avisa a SPP.

O presidente da SPP, António Morais, citado em comunicado, lembra que “há situações que podem ser resolvidas com apoio médico, através de teleconsulta e intensificação da terapêutica farmacológica”, mas sublinha que há outras que “só podem ser resolvidas no hospital”.

Recorda ainda que a pandemia de covid-19 continua a atingir picos de incidência no nosso país e que “o acesso aos cuidados de saúde volta a estar condicionado para os doentes crónicos”, alertando para a necessidade de prevenir as exacerbações da DPOC, evitando complicações associadas à doença provocada pelo novo coronavírus.

“A prevenção das exacerbações e o bom controlo da DPOC passa por uma boa adesão à terapêutica, com o devido respeito pela técnica inalatória, pela prática de atividade física, de acordo com as recomendações médicas, pela vacinação antigripal e antipneumocócica”, reforça Marta Drummond, pneumologista do Centro Hospitalar de São João.

A especialista diz ainda que “em nenhuma circunstância o doente deve suspender a sua medicação para o tratamento da DPOC”.

Ana Sofia Oliveira, pneumologista do Hospital de Pulido Valente, defende, por seu lado, que “uma das melhores formas de combater a covid-19 é ter a DPOC bem controlada, já que o risco de complicações da covid-19 é maior nestes doentes”.

Numa campanha que a SPP está a desenvolver, vários pneumologistas juntam-se para reforçar a mensagem de que, apesar das pressões impostas pela covid-19, nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde, continuam disponíveis para acompanhar os seus doentes com DPOC.

A DPOC é uma doença respiratória progressiva que resulta da obstrução das vias áreas. Os principais sintomas são a tosse, expetoração e falta de ar.

Em Portugal, a prevalência da doença nas pessoas com mais de 40 anos situa-se nos 14%, sendo que para a DPOC moderada, grave e muito grave a prevalência é de aproximadamente 7%.

A DPOC continua a representar uma das principais causas de morte em Portugal e, de acordo com o Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, em 2016 foi responsável por 2.791 óbitos, o que representa 20,7% das mortes por doença respiratória.

LUSA/HN

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