Investigador alerta para efeitos negativos do “medo” e polarização política

10 de Janeiro 2021

O investigador Marco Lisi alertou para os efeitos negativos, na polarização dos eleitores e no sistema político, do uso do “medo” associado à pandemia de covid-19 na campanha para as […]

O investigador Marco Lisi alertou para os efeitos negativos, na polarização dos eleitores e no sistema político, do uso do “medo” associado à pandemia de covid-19 na campanha para as presidenciais de 24 de janeiro.

Na expetativa de saber se o tema do medo da pandemia, que já fez mais de 7.400 mortos em Portugal, entrará na campanha, Marco Lisi, professor auxiliar do Departamento de Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é da opinião que isso teria efeitos negativos no sistema político.

“Se houver candidatos a puxarem por esse lado, como já aconteceu, não em Portugal, mas nos Estados Unidos, isso pode levar a uma maior polarização. A polarização pode até ter um efeito e incentivar a participação [eleitoral], mas, em geral, não é considerado um aspecto positivo do funcionamento do sistema político”, afirmou à Lusa Marco Lisi, autor do livro “Eleições – Campanhas eleitorais e decisão de voto em Portugal, publicado em 2019 pela Edições Sílabo.

Essa polarização pode ter efeitos no ambiente político, pelo que os próximos tempos, afirmou, “vão ser difíceis” para garantir uma estabilidade política em Portugal, face à fragmentação política e partidária, já evidente com a entrada de três novos partidos nas legislativas de 2019 (Iniciativa Liberal, Chega e Livre).

Nenhuma maioria que se forme em próximas eleições, antevê, será de um partido só e uma maioria, seja de direita ou de esquerda, terá dificuldades em formar-se.

“Não há nenhum partido que esteja à espera de ganhar a maioria absoluta e isso vai criar um cenário de instabilidade e incerteza”, afirmou ainda.

Se esses “dois blocos, essas duas frentes forem muito polarizadas, isso vai tornar as coisas mais complicadas para garantir a estabilidade, implementar as reformas necessárias e encontrar acordos que possam ser fundamentais para resolver alguns problemas estruturais”, afirmou ainda.

No imediato, há um tema relacionado com a resposta à pandemia de covid-19, a aplicação dos fundos europeus, que aconselharia um acordo entre os partidos, exemplificou.

“Se essa questão do medo for politizada e enfatizada na campanha pelos candidatos, mesmo que seja agora nas eleições presidenciais e não nas legislativas, acho que isso terá consequências negativas”, enfatizou.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

A campanha eleitoral decorre entre 10 e 22 de janeiro.

Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

LUSA/HN

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