Áreas dedicadas a queixas respiratórias libertam centros de saúde do Porto

21 de Janeiro 2021

Entre 50 a 70 utentes com queixas respiratórias são atendidos, por turno, pelas equipas da Área Dedicada a Doença Respiratória (ADR) do Porto Ocidental que avaliam e testam os casos suspeitos, libertando centros de saúde e hospitais.

Ao início da manhã de quarta-feira, a sala de espera da Área Dedicada a Doença Respiratória (ADR) do Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) do Porto Ocidental tinha dois utentes. A imagem, em tudo diferente à do retrato dos hospitais do país por estes dias, não reflete a realidade dos números.

Desde o início da pandemia, e segundo dados da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), que os 58 ADR ativos na zona Norte, dois dos quais no Porto, realizaram 200 mil consultas presenciais, mais de 140 mil testes PCR e 13.695 testes rápidos.

No ADR do Porto Ocidental, na rua da Constituição, os seis médicos que prestam apoio nesta unidade chegam a atender, por turno, 50 a 70 pessoas, com queixas respiratórias. Quando aqui chegam, por indicação do médico de família ou da Linha Saúde24, estes utentes são avaliados e confirmada a suspeita de infeção por Covid-19 são encaminhados para a realização de teste, o que acontece nas mesmas instalações.

Foi o caso de Alfredo Sista, que se deslocou ao ADR do Porto Ocidental para despistar uma possível infeção, depois de um contacto de risco. O teste é realizado na ex-arrecadação do edifício, agora transformada em centro de testagem. Há dois postos montados e circuitos bem definidos para evitar contágios.

Desconforto à parte, Alfredo, diz-se ter-se sentido seguro e assegura que mudou de opinião e vê vantagens na criação destes centros dedicados.

“Eu até tinha uma ideia diferente, pensei que ia ser muito mais demorado. E desde o primeiro contacto que foi feito ontem [terça-feira] por mim até à realização do teste foi tudo muito rápido”, observou, indicando que vinha com algum receio.

Serenela Martins é um dos profissionais de saúde destacados para a testagem. Naquela ADR, por turno, fazem-se entre 50 a 75 teste PCR [molecular] e cerca de 20 rápidos [antigénio]. Nos dois turnos, há um total de seis enfermeiros, divididos por tarefas para evitar contaminação.

Os utentes são encaminhados pelo exterior do edifício até ao centro de testagem onde está montada toda a operação que conta com a colaboração da academia na parte laboratorial.

“Quanto mais rápido conseguirmos fechar o ciclo entre sintomas, diagnóstico e inquérito epidemiológico, na teoria estaremos a controlar melhor a pandemia”, observou o responsável pelo programa de testes da ARS-N, Álvaro Pereira.

A pressão do número de infetados levou, em dezembro, a reforçar a equipa de médicos com um quarto elemento, como está previsto nos planos de contingência dos agrupamentos de saúde e por forma a evitar longos tempos de espera ou ajuntamento de pessoas.

A situação, indicou o médico de família, é regularmente monitorizada quer pelos agrupamentos de saúde, quer pela ARS-N, por forma a ajustar os cuidados de saúde à procura.

Na segunda-feira, nos 58 ADR foram realizadas 18 mil consultas.

“A ideia de termos estas áreas é a de libertar os centros de saúde de doentes que possam ter Covid-19, diminuindo o risco para pessoas que se deslocam ao centro de saúde com outras patologias e para os profissionais”, afirmou Álvaro Pereira, acrescentando que os utentes que vêm às ADR tem uma grande probabilidade de estarem infetados.

Na sua maioria apresentam um ou vários sintomas, como febre, tosse, falta de ar, perda de cheiro e de paladar. Pedro Alves, um dos médicos de serviço nesta ADR, salienta que este circuito dedicado serve sobretudo para proteger todos: médicos, doentes covid e não covid.

“Tentamos criar dois circuitos que sejam seguros para ambos [doentes covid e não covid]. Aqui as pessoas com suspeita de infeção são diagnosticadas e rapidamente são orientadas para teste, se for caso”, explicou, salientando que isto acontece no mesmo espaço e com celeridade.

“A noção que temos é que nunca paramos. Não acumula, mas nunca paramos”, afirmou.

Por outro lado, este modelo, indicou o médico de família, permite que os cuidados primários de saúde aos doentes não covid sejam assegurados, garantindo simultaneamente aos utentes covid um acompanhamento de proximidade, além da vigilância telefónica.

LUSA/HN

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