Governos africanos pedem ao FMI acesso a 500 mil milhões contra a pandemia de Covid-19

9 de Fevereiro 2021

Os ministros das Finanças africanos pediram esta terça-feira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) o acesso a 500 mil milhões de dólares em Direitos Especiais de Saque e melhores condições de financiamento para responder à crise da Covid-19.

“Os ministros foram unânimes nos seus pedidos de liquidez adicional, acesso a 500 mil milhões de dólares [413 mil milhões de euros] em Direitos Especiais de Saque, melhor acesso ao mercado, mais recursos concessionais e uma extensão da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) devido à natureza prolongada da pandemia”, lê-se numa nota da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) enviada à Lusa.

A nota apresenta as principais conclusões da reunião virtual que juntou a secretária executiva da UNECA, Vera Songwe, a diretora executiva do FMI, Kristalina Georgieva, e vários ministros das Finanças africanos, entre os quais a angolana Vera Daves.

“Todos sabemos que a pandemia de Covid-19 vai persistir nos próximos dois ou três anos, por isso por que razão estamos a estender a DSSI por seis meses e não por 24”, questionou o ministro das Finanças do Gana, admitindo que os efeitos da pandemia “são uma coisa assustadora para um ministro das Finanças ver quando não tem os meios para dar resposta”.

Kristalina Georgieva reconheceu a necessidade de “uma ação imediata e ousada relativamente à resposta, recuperação e reinício das economias africanas”, vincou que “a resposta de liquidez e financiamento é a ponte para a vacinação e para a recuperação” e recomendou aos governantes africanos que se preparem para uma discussão pormenorizada sobre o financiamento durante os Encontros da Primavera do FMI e do Banco Mundial, que vão decorrer em abril.

“Agora é o momento para demonstrar que a alocação de Direitos Especiais de Saque pode ser uma parte do apoio abrangente aos países em dificuldades, juntamente com a redução da dívida, o alívio da dívida e o apoio às políticas económicas”, disse a líder do FMI.

Os Direitos Especiais de Saque são o recurso às ‘poupanças’ do FMI, mas só podem ser acedidas com o acordo dos países membros, o que até agora tem sido impossível devido à oposição dos Estados Unidos quando Donald Trump era o Presidente, mas os países africanos têm a expectativa de que a nova Presidência de Joe Biden reverta essa posição.

“O mundo pode perder uns 9 biliões de dólares [7,4 biliões de euros] se apenas os países ricos receberem as vacinas, e 40% desta perda será nas economias avançadas”, disse Georgieva.

O objetivo da reunião, assumiu a secretária executiva da UNECA, Vera Songwe, era “procurar o apoio do FMI para a criação de uma saída para a crise, através da transformação dos instrumentos de liquidez já existentes, e facilitando o acesso ao mercado para aliviar o peso da dívida e dar a tão necessária liquidez ao continente”.

Na sua intervenção, a ministra das Finanças de Angola mostrou-se empenhada no caminho das reformas que o país tem vindo a seguir e salientou a importância da boa governação para o plano de resposta e recuperação da pandemia, aponta-se ainda no texto enviado pela UNECA à Lusa.

África registou nas últimas 24 horas mais 454 mortes por Covid-19 para um total de 95.529 óbitos, e 10.977 novos casos de infeção, segundo os mais recentes dados oficiais da pandemia no continente.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número total de infetados nos 55 Estados-membros da organização é de 3.678.523 e o de recuperados nas últimas 24 horas é de 14.519, para um total de 3.207.080 desde o início da pandemia.

O primeiro caso de Covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.316.812 mortos no mundo, resultantes de mais de 106 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Lusa/HN

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