Ordem dos Médicos diz que vacinação “está em zig zag”

9 de Fevereiro 2021

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) considerou esta terça-feira que o Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 “está em zig zag”, apontando que Portugal está “muito longe da maior parte dos países europeus” na vacinação “essencial” de médicos.

“O plano de vacinação está em zig zag. Existem estruturas onde as pessoas deviam estar todas vacinadas e não estão, depois salta-se para outros grupos que se definem como prioritários, mas já são prioritários de segunda linha. Temos de vacinar rapidamente os profissionais de saúde todos porque são eles que tomam conta de nós”, disse Miguel Guimarães, após uma visita ao Centro Hospitalar e Universitário de São João (CHUSJ), no Porto.

O bastonário da OM disse que tem falado muito da vacinação, “não por causa das pessoas que estão a ser vacinadas e não deveriam por não serem prioritárias, mas por preocupação com os dois principais grupos prioritários”, somando aos profissionais de saúde, as pessoas com 80 anos ou mais.

“A vacinação nestes grupos, que são os principais e prioritários, continua atrasada”, criticou.

Miguel Guimarães recordou que as “fundamentações que têm levado todo o mundo a priorizar os profissionais de saúde na vacinação são a ética utilitária e a maior exposição ao risco”, para apresentar números que colocam Portugal “muito longe da maior parte dos países europeus” na administração de vacinas a médicos.

“Estive em contacto com as várias ordens europeias (…). A Áustria já vacinou 67% dos médicos, a Alemanha todos os médicos, a Croácia e a Itália 90% e França vacinou 70% dos médicos com mais de 50 anos”, referiu.

Quanto a Portugal, Miguel Guimarães disse que não tem esse dado, mas que os números do fim de janeiro davam conta de que estavam vacinados 30% a 35% dos médicos do Serviço Nacional de Saúde e 10% do setor privado e social.

“Continuo a ter muitas mensagens de médicos que não foram vacinados”, disse.

“No Hospital de São João faltam vacinar meia dúzia de médicos, mas ainda assim, num hospital que trata milhares e milhares de doentes e imensos Covid-19, continua a ter cerca de 2.000 pessoas que ainda não foram vacinadas”, referiu Miguel Guimarães.

Questionado sobre estes números e sobre se tem comunicações da tutela sobre quando poderá ser completada a vacinação no CHUSJ, o presidente do conselho de administração do centro hospitalar, Fernando Araújo, esclareceu quais os profissionais em causa e disse aguardar com serenidade.

“Aguardamos serenamente a informação da tutela. É verdade que a grande maioria dos profissionais da linha da frente estão vacinados. Estes cerca de 2.000 profissionais são da informática, aprovisionamento, recursos humanos e profissionais que tiveram a infeção no passado e desejam ser vacinados”, disse.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.325.744 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,4 milhões de casos de infeção, enquanto em Portugal morreram 14.557 pessoas dos 770.502 casos de infeção confirmados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Lusa/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS de Braga celebra protocolo com Fundação Infantil Ronald McDonald

A ULS de Braga e a Fundação Infantil Ronald McDonald assinaram ontem um protocolo de colaboração com o objetivo dar início à oferta de Kits de Acolhimento Hospitalar da Fundação Infantil Ronald McDonald aos pais e acompanhantes de crianças internadas nos serviços do Hospital de Braga.

DE-SNS mantém silêncio perante ultimato da ministra

Após o Jornal Expresso ter noticiado que Ana Paula Martins deu 60 dias à Direção Executiva do SNS (DE-SNS) para entregar um relatório sobre as mudanças em curso, o HealthNews esclareceu junto do Ministério da Saúde algumas dúvidas sobre o despacho emitido esta semana. A Direção Executiva, para já, não faz comentários.

FNAM lança aviso a tutela: “Não queremos jogos de bastidores nem negociatas obscuras”

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse esta sexta-feira esperar que, na próxima reunião com o Ministério da Saúde, “haja abertura para celebrar um protocolo negocial”. Em declarações ao HealthNews, Joana Bordalo e Sá deixou um alerta à ministra: ” Não queremos jogos de bastidores na mesa negocial. Não queremos negociatas obscuras.”

SNE saúda pedido de relatório sobre mudanças implementadas na Saúde

O Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE) afirmou, esta sexta-feira, que vê com “bons olhos” o despacho, emitido pela ministra da Saúde, que solicita à Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) um relatório do estado atual das mudanças implementadas desde o início de atividade da entidade.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights