China acelera exportação de vacinas para os países em desenvolvimento

23 de Fevereiro 2021

A China espera aumentar a produção das suas vacinas para 2.000 milhões de doses, este ano, e 4.000 milhões, até 2022, um plano ambicioso que visa converter o país no maior fornecedor das nações em desenvolvimento.

Citado pela imprensa local, o presidente da Associação da Indústria das Vacinas da China, Feng Duojia, estimou que os 4.000 milhões de doses vão cobrir até 40% da procura global.

A China já distribuiu doses das suas vacinas em 22 países em desenvolvimento e prestou assistência a 53, número que continuará a crescer, à medida que Pequim fechar mais acordos com países africanos, segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O laboratório estatal Sinopharm já distribuiu 43 milhões de doses da sua vacina, entre as quais 34 milhões foram administradas no país asiático, cuja campanha de vacinação está reduzida, por enquanto, a inocular grupos considerados de alto risco de infeção, segundo a cadeia de televisão CCTV.

As vacinas desenvolvidas pela Sinopharm e também pelas chinesas Sinovac e CanSino estão a ser utilizadas já em África, Sudeste Asiático e América Latina, enquanto na Europa só chegaram à Sérvia e à Hungria.

A capacidade de produção da China e a rapidez na distribuição das vacinas têm seduzido a América Latina, onde mais de uma dezena de países já receberam ou aguardam as primeiras doses.

Mais de 190 mil doses da vacina Sinovac chegam ao Uruguai esta semana, e mais de um milhão e meio vão estar disponíveis, a partir de 15 de março, informou hoje o Presidente do país sul-americano, Luis Lacalle Pou.

No México, já estão disponíveis 200 mil vacinas daquela empresa, que vão ser aplicadas, na sua totalidade, no município de Ecatepec. A República Dominicana vai receber 768 mil doses.

A Colômbia acabou de receber um segundo lote, de 192 mil doses, da Sinovac, e a Bolívia aguarda a chegada de meio milhão da Sinopharm, que também acaba de ser autorizado na Argentina.

Países como Brasil ou o Peru também administram vacinas chinesas.

Tratam-se de vacinas “inativadas”, o que significa que carregam uma versão geneticamente alterada do vírus que o impede de se reproduzir e desenvolver a doença, mas que gera uma resposta imunológica no organismo.

A China também entregou 10 milhões de doses das suas vacinas ao mecanismo Covax, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para fornecer vacinas anti-Covid aos países em desenvolvimento.

“Cerca de 27 países, a maioria deles em desenvolvimento, mostraram interesse em importar vacinas chinesas. Alguns já receberam remessas. No total, a China está a fornecer ajuda a 53 países em desenvolvimento e continuará a fazê-lo da melhor maneira possível”, disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin.

A imprensa oficial chinesa foi mais assertiva: “As vacinas chinesas tornaram-se uma fonte confiável para muitos países no combate à pandemia. A China está a cumprir com a sua palavra de tornar as vacinas um bem público comum e distribuído de forma justa e equitativamente”, apontou, em editorial, a agência noticiosa oficial Xinhua.

A campanha chinesa gerou reações na Europa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, disse na semana passada que a China lançou uma “diplomacia de vacinas”, para aumentar a sua influência, especialmente nos países africanos, e alertou que “tirar fotos de vacinas em aeroportos não significa ter uma política de vacinação”.

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, destacou que a pandemia se tornou um “momento geopolítico” em que alguns países estão a distribuir doses com objetivos políticos, o que pode ter “enormes consequências para o nosso futuro”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

VP Formação distinguida como parceira Premium do OET

VP Formação alcança estatuto de Premium Preparation Partner do Occupational English Test, reconhecendo sete anos de excelência na preparação de profissionais de saúde para certificação internacional

Tecnologia 3D revoluciona cirurgia da coluna em Portugal

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, o Dr. Rui Pinto, um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Patologia de Coluna, destaca a revolução na cirurgia da coluna com a introdução da tecnologia 3D no Hospital de Santa Maria – Porto, primeira unidade na Península Ibérica a dispor deste equipamento inovador.

Farmácias querem ser aliadas no rastreio do cancro e outras doenças

A Associação Nacional de Farmácias (ANF) defendeu hoje a integração das farmácias na rede de rastreios nacional para identificar precocemente doenças, como os cancros gástrico, colorretal, o VIH/Sida ou hepatites virais, e contribuir para aumentar a população elegível rastreada.

MAIS LIDAS

Share This