Idosa de concelho algarvio mais envelhecido recebe e aconselha vacina, diz que é preciso “acreditar nos cientistas”

26 de Fevereiro 2021

A vacinação contra a Covid-19 já está em curso no concelho algarvio de Alcoutim, o mais desertificado da Europa, e uma das idosas que recebeu esta sexta-feira a primeira dose aconselhou a restante população idosa do município a vacinar-se.

Suzete Romba, de 82 anos e residente em Pereiro, aldeia do município de Alcoutim, no distrito de Faro, disse à agência Lusa que está “otimista” para o futuro depois de ter tomado a primeira dose da vacina, dia pelo qual aguardou com expectativa de ser o início do fim da pandemia de Covid-19.

“Gostei, acho que este trabalho aqui no centro de saúde de Alcoutim estava muito bem organizado, decorreu da melhor maneira e estou otimista. Quando ouvi falar na vacina, disse sempre para mim que me havia de me vacinar porque tenho de acreditar nos cientistas de alto gabarito e na ciência do mundo inteiro. Temos de acreditar e fazer alguma coisa para ver se esta pandemia vai embora”, afirmou.

Suzete Romba assegurou que não sentiu “nada”, considerou que o processo de vacinação traz “esperança” e deixou uma mensagem a quem tenha alguma renitência a vacinar-se.

“O que lhes digo é que se vacinem, que não há problema nenhum, penso que não há assim contraindicações e, se houver, são mínimas, temos sempre um comprimido ben-u-ron para atenuar algum problema de dor de cabeça ou dores musculares, mas eu penso que depois tudo vai passar”, afirmou.

Maria Rita Afonso, de 81 anos, mora nos Balurcos de Cima, também no mesmo concelho do distrito de Faro, e esperava ser vacinada para ver se se “safava” da doença, como até aqui.

“Deus queira que sim. No meu monte ainda não se deu vacina a ninguém, se não a uma empregada do lar”, disse Maria Rita Afonso, ao ser questionada sobre se este passo era o início do fim da pandemia.

Leonilde Afonso, de 89 anos, brincou com a Lusa após receber hoje a primeira dose da imunização contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), ao perguntar se tinha “cara de 50 ou mais” quando questionada sobre a idade, e disse que a vacina “não tirou nada”, quando se perguntou se a vacina “não lhe tinha tirado a boa disposição”.

“Gostava de ser vacinada para ver se não me acontece nada de mal, mal já me aconteceu muita coisa, que eu sou já velha”, afirmou já mais séria.

Também presente no centro de saúde de Alcoutim esteve o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, que fez um balanço positivo do processo de vacinação em curso na região.

“Nós, no Algarve, neste momento, já estamos a vacinar nos 16 concelhos. Começámos primeiro em dois, depois alargamos para sete na semana seguinte e agora alargámos aos 16 concelhos da região. Aqui em concreto, em Alcoutim, já começámos a vacinar há dois dias, portanto, hoje já estamos naquilo que é o terceiro dia de vacinação”, afirmou, ao fazer um ponto de situação.

O presidente da ARS algarvia mostrou-se satisfeito por a vacinação na região estar a ter “100% de adesão” e agradeceu à Câmara de Alcoutim por “colaborar” no processo e “trazer os utentes até à vacina”, num concelho em que há “498 idosos com mais de 80 anos inscritos” e é “especial”, devido ao impacto do envelhecimento populacional.

“O concelho de Alcoutim é o mais envelhecido da Europa, é um concelho muito disperso, com pouca população, mas ao longo desta pandemia, até ao momento, só teve 70 casos de Covid-19, com quatro óbitos, infelizmente, e neste momento só tem um caso ativo, praticamente não existe Covid-19 no município de Alcoutim”, sinalizou.

Paulo Morgado considerou, por isso, que a chegada da vacinação ao concelho permite “trazer esperança” a esta população, que é “muito idosa” e “vive dispersa por muitos montes” de um território “muito extenso”.

“No ritmo em que estamos, eu penso que, até final de março, e, se calhar, até antes, conseguimos vacinar toda a população, contribuindo para aquilo que é o objetivo nacional e europeu, de vacinar 80% das pessoas com mais de 80 anos até ao final de março”, estimou ainda Paulo Morgado.

LUSA/HN

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