Entrevista a Rita Narciso: Associação “Positivo” lança programa de nutrição em formato digital

02/26/2021
Chama-se NutriOn e pretende ajudar as pessoas que vivem com VIH a cuidar da sua alimentação. De acordo com Rita Narciso, animadora cultural da Associação, a par das consultas de nutrição e ações presenciais, o lançamento do projeto em formato digital visa ultrapassar as contingências criadas pela pandemia e chegar a todo o País.

HealthNews (HN)- O projeto NutriOn constitui uma evolução do programa de nutrição NutriVIHda, com o seu lançamento, dentro em breve, no canal digital?

Rita Narciso (RN)- Dando continuidade ao Projeto NutriVHIda, surgiu a necessidade a desenvolver um projeto adaptado à situação epidemiológica na qual vivemos, e que possa também chegar às pessoas a viver com VIH que se encontram noutros pontos do país, ou seja, para além da Grande Lisboa, onde está localizada a Associação “Positivo”.

Assim, o NutriOn, além de contar com ações presenciais (como consultas e entregas de cabazes alimentares), tem também uma componente digital (consultas online, workshops e diretos).

Com a introdução da componente digital vamos evitar a concentração de pessoas no espaço físico da Associação. Para além disso, através da Internet, qualquer pessoa que viva com o VIH poderá ter acesso às ações do projeto, independentemente do local de residência.

HN- Uma má nutrição pode acelerar as doenças relacionadas com a infeção por VIH. Quais são, concretamente, as ações que vão ser desenvolvidas pelo projeto NutriOn?

RN- Algumas das ações já eram realizadas no âmbito do projeto NutriVIHda, nomeadamente as consultas de Nutrição e entrega de cabazes alimentares constituídos por frutas e legumes, adaptados às necessidades dos agregados familiares com maior dificuldade económica.

Quando iniciámos as consultas de Nutrição na “Positivo”, verificámos que as pessoas que apresentavam menor capacidade financeira tinham dificuldades em seguir um plano alimentar porque não existia a possibilidade de comprar determinados alimentos, como fruta e legumes. A maior parte destas famílias tem uma dieta que se limita aos produtos que são incluídos pelos apoios alimentares distribuídos pelas instituições. De uma maneira geral, estes produtos acabam por ser pobres a nível de qualidade nutricional e, nós próprios, enquanto Associação, deparámo-nos com este problema. O serviço de Nutrição só veio destacar ainda mais essa necessidade. Assim, mediante uma avaliação socioeconómica e alimentar, é realizada a distribuição de cabazes de frutas e legumes, sempre que a situação o justificar.

Qualquer utente pode frequentar as consultas, tendo sempre em conta que nunca se podem sobrepor serviços, ou seja, a pessoa só pode ser acompanhada a nível nutricional ou pela “Positivo” ou por outra Instituição.

Quanto aos workshops, a maior preocupação passa por transmitir receitas acessíveis e de fácil confeção. Todo este processo é desenvolvido com base nas características e nas condições sociais em que as pessoas vivem, pois sabemos que muitos utentes vivem em quartos, sem acesso à cozinha ou tendo apenas o micro-ondas como instrumento de confeção.

No projeto NutriOn, além da distribuição de cabazes e da realização de consultas e rastreios de risco cardiovascular (presenciais e online), vamos ter ações de sensibilização e de culinária saudável, em formato digital.

Iremos também publicar e partilhar posters digitais com informação e “dicas” sobre algumas questões nutricionais, bem como  fazer diretos sobre temas predefinidos na rede social da Associação, dando a possibilidade das pessoas nos fazerem chegar as suas dúvidas em tempo real (em direto ou através de mensagens privadas).

HN- Como é que as pessoas que vivem com VIH e que ainda não fazem parte da Associação “Positivo”, podem aceder ao projeto NutriOn?

RN- Caso exista interesse no projeto, as pessoas devem contactar-nos via e-mail ou telefone. A partir daqui, será necessário o preenchimento de uma ficha de admissão, bem como um consentimento informado e uma prova da sua situação clínica.

É nossa intenção que o projeto NutriOn chegue a zonas do país onde não existe este tipo de serviços. O canal digital possibilitará um acompanhamento contínuo e próximo dos utentes, mesmo que exista necessidade de se deslocarem para fora do país.

HN/Adelaide Oliveira

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