Comissão Europeia avalia até 2022 lei sobre viagens organizadas para proteger viajantes

1 de Março 2021

A Comissão Europeia vai avaliar, até 2022, a diretiva europeia sobre viagens organizadas, dados “os desafios” criados pela Covid-19 e pela falência do grupo Thomas Cook, para assim garantir “proteção robusta” aos viajantes da União Europeia (UE).

“Como anunciado na sua Nova Agenda do Consumidor, […] a Comissão levará a cabo uma análise mais profunda até 2022, avaliando ainda mais se o atual quadro regulamentar para as viagens organizadas continua a assegurar uma proteção robusta e abrangente do consumidor em todos os momentos”, anuncia o executivo comunitário em nota de imprensa hoje divulgada.

Em causa está um relatório também hoje publicado de balanço desta diretiva sobre viagens organizadas, que entrou em vigor em julho de 2018, no qual é analisada “a forma como os Estados-membros transpuseram a lei para o direito nacional”, bem como “os desafios que surgiram durante a crise da Covid-19” e a “falência da Thomas Cook em 2019”.

No documento é mencionado que, além da perda de receitas, os organizadores de viagens têm vindo a ser “particularmente afetados pelo facto de os pedidos de reembolso dos viajantes devido a cancelamentos excederem significativamente o nível de novas reservas”.

E, segundo as organizações de consumidores, “até dezembro de 2020 milhares de consumidores ainda não tinham recebido o reembolso em numerário das férias canceladas”.

Também recorrendo aos dados do setor, a Comissão Europeia assinala no relatório que, em 2020, o número total de consultas e reclamações feitas às Rede dos Centros Europeus do Consumidor relativas a esta lei europeia para viagens organizadas disparou 368% para 11.226 consultas e para 914 reclamações.

“Além disso, a proporção do volume total de processos tratados pelos Centros Europeus do Consumidor relacionados com a diretiva aumentou significativamente, de 2% em 2019 para 7% do volume total de processos em 2020”, segundo o documento.

Bruxelas aponta ainda no relatório que este aumento do número de consultas e queixas “suscitou preocupações quanto ao respeito pelos direitos dos viajantes ao abrigo da diretiva”, estando em causa situações de recusa de reembolso, imposição de vale, falhas na informação prestada ou na salvaguarda de direitos ou emissão tardia de vales.

Isto numa altura em que os consumidores europeus procuram cada vez mais férias organizadas e circuitos organizados (como pacotes de viagens de agências).

Segundo um inquérito de consumo citado pela Comissão Europeia, em 2020, a maioria dos inquiridos (81%) optou por recorrer a prestadores de serviços de férias organizadas e circuitos organizados, sendo que Portugal era dos países que registava percentagens mais altas (90%).

Em nota de imprensa, o comissário europeu da Justiça, Didier Reynders, afirma que a pandemia “gerou enormes interrupções de viagens em todo o mundo, demonstrando como é importante ter em vigor regras que protejam os viajantes em todas as circunstâncias”.

“É nossa ambição assegurar que as nossas regras continuem a ser protetoras, efetivamente aplicadas e adequadas aos tempos em que vivemos”, garante o responsável.

Numa entrevista dada à Lusa em novembro passado, Didier Reynders disse que a Comissão Europeia iria equacionar uma revisão desta lei após dificuldades nos reembolsos em cancelamentos devido à Covid-19.

E adiantou que, até lá, o executivo comunitário irá “tentar ajudar as associações de defesa do consumidor a organizar ações coletivas dos diferentes consumidores”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Um terço dos portugueses desconhece direito a segunda opinião médica

Trinta por cento dos cidadãos inquiridos num estudo pioneiro não sabem que podem solicitar uma segunda opinião médica. O desconhecimento dos direitos na saúde é particularmente preocupante entre doentes crónicos, que são quem mais necessita de navegar no sistema

Internamentos sociais disparam 83% em dois anos e custam 95 milhões ao SNS

A taxa de internamentos considerados inapropriados – situações que poderiam ser tratadas em ambiente não hospitalar – cresceu quase 20% nos últimos dois anos. Os custos associados a estas permanências dispararam 83%, pressionando a sustentabilidade financeira do sistema de saúde e revelando falhas na articulação com a rede social

Quase 15% dos utentes continuam sem médico de família atribuído no SNS

Apesar de uma ligeira melhoria em 2024, 14,5% dos utentes inscritos nos cuidados de saúde primários continuam sem médico de família atribuído. As assimetrias regionais são gritantes, com Lisboa e Vale do Tejo a concentrar a maior fatia desta carência, levantando sérias questões sobre a equidade no acesso à saúde

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights