Inquérito mostra que universitários sentem efeitos do confinamento na saúde mental

4 de Março 2021

Quase todos os estudantes que responderam ao inquérito de uma associação de estudantes da Universidade Nova de Lisboa revelaram sentir a sua saúde mental afetada pelo confinamento, sobretudo na falta de motivação e aumento da ansiedade.

De acordo com os resultados do inquérito conduzido pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH), 90% dos 483 inquiridos afirmaram que o confinamento provocado pela pandemia de Covid-19 está a ter um efeito negativo na sua saúde mental.

“Um número extremamente alarmante”, escreve a associação no comunicado enviado hoje às redações.

Entre os principais sinais desses efeitos negativos, destacam-se a desmotivação, referida por 85% dos estudantes, a ansiedade (72%), o ‘stress’ (63%) e as perturbações de sono (56%).

“Muitos estudantes colocam ainda estar a sentir sintomas de depressão, cansaço e fadiga relacionados com as horas passadas em frente ao computador, e agravamento de situações psiquiátricas previamente já diagnosticadas, bem como situações ainda mais graves”, acrescenta o comunicado.

Apesar desse agravamento generalizado, a maioria dos alunos diz não ter acompanhamento sobre questões de saúde mental e 80% consideram que a própria faculdade não assegura esse apoio, apontando a necessidade de reforçar os serviços de psicologia.

No inquérito conduzido entre 16 de fevereiro e 02 de março, a AEFCSH procurou conhecer os problemas da comunidade estudantil, relativamente aos efeitos gerais do confinamento, incluindo também questões relacionadas com o ensino ‘online’ e o abandono escolar.

Sobre o ensino à distância, o balanço dos alunos não é negativo, com 77% a avaliarem com três e quatro pontos (numa escala de um a cinco) esse regime, mas a maioria queixa-se de problemas técnicos e falhas de comunicação.

Entre os estudantes de mestrado e doutoramento que estão atualmente a trabalhar nas teses e dissertações, 71% dos 41 inquiridos consideraram que o confinamento está a prejudicar essa componente.

“Face a este quadro tomamos como essencial e premente o retorno às atividades letivas presenciais”, escreve a AEFCSH, acrescentando que, apesar de compreender o regresso ao confinamento em janeiro, a situação atual “não defende os interesses dos estudantes”.

Relativamente às dificuldades financeiras dos alunos, apenas 28% afirmaram ter dificuldade em suportar os custos associados à frequência do ensino superior, mas 56% admitiram já ter ponderado congelar a matrícula ou desistir do curso.

“Entre os alunos que assim se expressaram, 26% fizeram-no devido às dificuldades económicas face aos custos associados à frequência do ensino superior, 17% devido a dificuldades em aceder às aulas e conteúdos e 71% devido a dificuldades na adaptação ao ensino à distância”, precisam.

Lusa/HN

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