Fiocruz alerta para “alta prevalência” de novas estirpes no Brasil

5 de Março 2021

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição científica de referência no Brasil, alertou na quinta-feira para a "dispersão geográfica" de novas estirpes do novo coronavírus no país e para a alta prevalência nas regiões sul, sudeste e nordeste.

Em comunicado, a Fundação referiu-se às estirpes do SARS-CoV-2 originárias do Estado brasileiro do Amazonas (P.1), do Reino Unido ( B.1.1.7) e da África do Sul (B.1.351), detetadas nas três regiões avaliadas no estudo, que recolheu cerca de mil amostras em Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A Fiocruz alerta para um “cenário preocupante”, que alia o perfil potencialmente mais transmissível dessas novas estirpes à ausência de medidas que possam ajudar a conter a propagação e circulação do coronavírus, causador da doença Covid-19.

Dos oito Estados brasileiros avaliados neste estudo, apenas dois não tiveram prevalência da mutação associada às novas variantes superior a 50 %: Minas Gerais, com 30,3% das amostras testadas como positivo para a mutação e, Alagoas, com 42,6%.

Nos demais Estados, mais de 50% das amostras foram identificadas com a mutação associada às novas estirpes.

No caso do Rio de Janeiro, um dos Estados com mais mortes pela Covid-19 no país, 62,7% das amostras de pacientes infetados revelaram a presença de uma das três estirpes.

Ceará (71,1%), Paraná (70,4%), Santa Catarina (63,7) e Rio Grande do Sul (62,5%) foram as Unidades Federativas com maior prevalência das novas variantes.

Porém, a nota técnica da Fiocruz destaca que “há indicações” de que a estirpe que predomina no Brasil é a P.1, “uma vez que as outras duas variantes não têm sido detetadas de forma expressiva em território brasileiro”.

“A alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus SARS-CoV-2 tem levado ao surgimento de novas variantes, que podem ser potencialmente mais transmissíveis em todo o mundo. Foi este o cenário que favoreceu o surgimento da variante brasileira P.1, no Amazonas, já classificada como uma ‘variante de preocupação’”, explicou a instituição científica.

Segundo o próprio Ministério da Saúde brasileiro, a variante detetada no Brasil é “três vezes mais contagiosa” do que a original.

Face ao surgimento de novas estirpes e ao agravamento da pandemia no país sul-americano, a Fiocruz defendeu a adoção de medidas não farmacológicas que possam reduzir a velocidade da propagação e o crescimento do número de casos, como “ampliação da vacinação, restrições de circulação e das atividades não essenciais, implementação imediata de planos e campanhas de comunicação, fortalecimento do sistema de saúde, e a necessidade de constituição de um pacto nacional para combate à país”.

Para o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, a vigilância genómica e a monitorização dessas variantes serão fundamentais para o combate à pandemia.

“Até ao momento, não tem sido observada uma clara associação dessas variantes com uma evolução clínica mais grave, mas estudos adicionais estão em andamento para esclarecer aspetos relacionados com o sequenciamento genético dessas variantes, bem com sua transmissibilidade e o real impacto dessas variantes na dinâmica de ocorrência da Covid-19”, concluiu a Fundação.

O Brasil atravessa um dos seus piores momentos desde a chegada da pandemia ao país, há pouco mais de um ano, e totaliza 260.970 vítimas mortais e 10.793.732 infeções.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.560.789 mortos no mundo, resultantes de mais de 115,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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