Mulheres foram mais afetadas pela pandemia na Universidade de Coimbra

5 de Março 2021

Um estudo para avaliar o impacto da pandemia no corpo de docentes e investigadores da Universidade de Coimbra (UC) conclui que as mulheres foram o grupo mais afetado, foi esta sexta-feira anunciado.

Dentro da academia de Coimbra, as mulheres “foram o grupo mais afetado pela severidade dos efeitos psicológicos e emocionais associados ao confinamento, tendo reportado mais frequentemente sentimentos de ansiedade, tristeza, preocupação com o futuro profissional e perceção de ausência de controlo sobre a situação”, afirmou a UC, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

O estudo, que contou com um inquérito a 281 docentes e investigadores da UC em setembro de 2020, foi realizado no âmbito do projeto europeu “SUPERA” (Promoção da Igualdade na Investigação e na Academia), em que participa o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

Mais de dois terços das pessoas inquiridas referiram que passaram a dedicar mais tempo ao trabalho doméstico e ao acompanhamento de crianças e jovens, sendo que as mulheres notaram “uma maior influência da pandemia na afetação de tempo ao trabalho profissional”.

A pandemia da covid-19 motivou a adoção de medidas de contingência “que tiveram fortes implicações na organização e condições de trabalho académico”, como por exemplo a transição para aulas ‘online’ ou a compatibilização da atividade docente e científico com o cuidado às crianças, explicou a coordenadora local do projeto, Mónica Lopes, citada na nota de imprensa.

“Este estudo veio demonstrar que as novas condições para a realização do trabalho docente e de investigação tiveram um impacto diferenciado em mulheres e homens académicos, tornando visíveis ou acentuando desigualdades preexistentes em termos de condições de trabalho, possibilidades de conciliação trabalho-família, divisão do trabalho académico, e desempenho científico”, acrescentou a investigadora.

O estudo demonstra também “o papel crítico” do apoio institucional “no amortecimento dos efeitos negativos do confinamento no desempenho académico”, realçou.

Cerca de 40% dos inquiridos declararam estar insatisfeitos com o desempenho académico e científico durante o confinamento.

O projeto SUPERA pretende combater as desigualdades entre mulheres e homens no meio académico, através da implementação de planos de ação para a igualdade de género.

De acordo com a nota de imprensa, o plano da UC está em fase final de preparação e estará disponível em breve.

Na terça-feira, a instituição também anunciou um projeto, financiado em 240 mil euros, que visa reforçar a igualdade de género na investigação científica.

Lusa/HN

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