Investigadores do Porto vão “melhorar” o diagnóstico precoce do cancro gástrico

11 de Março 2021

Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) vão identificar novos biomarcadores e criar ferramentas automatizadas de bioimagem para “melhorar o diagnóstico precoce do cancro gástrico”, foi esta quinta-feira anunciado.

Em comunicado, o instituto explica que a equipa, liderada pela investigadora Raquel Secura, está “particularmente interessada numa forma muito agressiva de cancro do estômago”, o designado, cancro gástrico do tipo difuso.

“Este tipo de cancro não apresenta sintomatologia de alerta, mas é muito invasivo, difundindo-se pela parede do estômago e pelos órgãos adjacentes e peritoneu, com alta taxa de mortalidade”, esclarece o i3S, acrescentando ser “crucial desenvolver metodologias fiáveis” para diagnosticar este tipo de cancro numa fase “muito inicial”.

Os investigadores, que se têm focado em desvendar o mecanismo subjacente ao comportamento invasivo das células deste tipo de cancro, receberam um financiamento de 165 mil euros da associação americana de doentes ‘No Stomach for Cancer’.

A associação visa promover a sensibilização sobre o cancro do estômago, inclusive do cancro gástrico difuso hereditário, bem como estabelecer uma rede de apoio às famílias afetadas e apoiar os esforços na investigação para o tratamento deste tipo de cancro.

O financiamento vai permitir que a equipa do i3S determine “quais os principais atores celulares na invasão das células” e “como o núcleo destas células se adapta durante o processo de invasão”, tanto nas primeiras fases, como durante o processo de disseminação na parede gástrica, afirma a investigadora Raquel Secura, citada no comunicado.

O conhecimento sobre estes mecanismos vai permitir “identificar novos biomarcadores”, importantes para o diagnóstico da doença através de ferramentas de análise de imagem molecular.

O objetivo passa por “identificar as proteínas que são recrutadas para o processo de invasão celular e usá-las como marcadores moleculares em métodos de análise de expressão e ferramentas de bioimagem no diagnostico precoce destes tumores agressivos”.

“Desta vez, além de darmos atenção às proteínas da membrana da célula, vamos concentrar-nos nas alterações nucleares e utilizar estas variações como biomarcadores para monitorizar a evolução da doença”, acrescenta a investigadora, líder do grupo de investigação ‘Epithelial Interactions in Cancer’ do i3S.

Paralelamente, os investigadores vão continuar a “oferecer um serviço gratuito a nível mundial de rastreio funcional das alterações do gene da Caderina-E” identificadas na linha germinal em famílias com este tipo de cancro.

O projeto, financiado pela associação americana, envolve uma equipa de investigadores especializados em genética do cancro, biologia celular e patologia, e análise de imagem.

Além de investigadores do i3S, estão também envolvidos investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e membros do Consórcio Internacional de Ligação ao Cancro Gástrico.

LUSA/HN

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