Governo “tem de ser consequente” com medidas de desconfinamento – PEV

12 de Março 2021

“Os Verdes” defenderam esta sexta-feira que o Governo "tem de ser consequente" com as medidas anunciadas no plano de desconfinamento, com testes em massa, rastreios, vacinação e reforço de transportes públicos, sublinhando a importância da comunicação.

“Aquilo que ‘Os Verdes’ reafirmam é que fazer um plano não é a dificuldade, passá-lo para o papel não é a dificuldade. A dificuldade está em ser consequente com as medidas que estão neste plano e para isso nós não podemos, o Governo não pode, passar só a responsabilidade para os portugueses, para as pessoas”, declarou hoje Mariana Silva, do Partido Ecologista “Os Verdes”, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em reação ao plano de desconfinamento já conhecido.

O chefe do Governo, António Costa, anunciou na quinta-feira um plano de desconfinamento, mas “com cautela” e “a conta-gotas”, após reunião do Conselho de Ministros e já com um 13.º período de estado de emergência aprovado no parlamento, até 31 de março.

Para o PEV, “o Governo tem que ser consequente com estas medidas”, e “não pode haver só um ‘powerpoint’ e meia dúzia de frases, para que as pessoas compreendam o que é que está em causa”.

“Que não podemos sair todos à rua ao mesmo tempo e que temos que cumprir, continuar a cumprir, com as medidas que vão continuar a ser impostas. E por isso, há aqui a importância da comunicação, como temos vindo a dizer ao longo do tempo e esperemos que o Governo tenha essa capacidade”, sustentou.

Mariana Silva apontou ainda que o executivo terá que “fazer o que anda a prometer há já algum tempo”, nomeadamente a vacinação, a testagem massiva e os rastreios, para “não perder de vista os infetados”.

“Depois, é necessário também reforçar os transportes públicos, porque com neste desconfinamento as pessoas vão procurar os transportes públicos e não podemos voltar ao que era, por isso temos que ampliar a oferta”, alertou.

O PEV insistiu ainda no reforço dos apoios sociais, “porque o vírus não pode apanhar uma população fragilizada”, e ainda o regresso da cultura, porque os profissionais “precisam de trabalhar” e “os portugueses precisam de cultura para enfrentarem mais uns meses difíceis que teremos pela frente”.

“Quanto às escolas, há aqui a necessidade de se encontrarem todas as soluções para que as escolas abram em segurança, inclusive, cumprindo com as regras, e uma das regras é o número de pessoas por espaços fechados. Por isso, é necessário também diminuir o número de alunos por turma”, argumentou a deputada.

De acordo com o plano de desconfinamento, na próxima segunda-feira, reabrem creches, ensino pré-escolar e escolas do primeiro ciclo de ensino e as atividades de tempos livres (ATL) para as mesmas idades, sendo autorizado o comércio ao postigo e a reabertura de estabelecimentos de estética como os cabeleireiros.

A deslocação entre concelhos para a generalidade da população continua interdita nos dois próximos fins de semana, bem como o dever de recolhimento domiciliário até à semana da Páscoa (26 de março a 05 de abril), inclusive.

Os portugueses podem voltar a sair do país, por qualquer via, a partir de segunda-feira (embora as fronteiras com Espanha fiquem ainda condicionadas até depois da Páscoa) e daqui a 25 dias (05 de abril), voltam ao ensino presencial os alunos do segundo e terceiro ciclos e reabrem museus, monumentos, palácios e galerias de arte e as lojas com uma área até 200 metros quadrados e que tenham porta para a rua.

As esplanadas podem voltar a ser frequentadas até ao limite de quatro pessoas e podem ser praticadas as modalidades desportivas de baixo risco. Os ginásios reabrem, mas sem aulas de grupo.

A partir de 19 de abril, volta a funcionar o ensino secundário e superior, reabrem cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculo e as lojas de cidadão, com atendimento presencial por marcação, além de que todas as lojas e centros comerciais e cafés e restaurantes podem retomar a atividade, mas com lotação máxima de quatro pessoas ou seis pessoas em esplanadas e com horário até às 22:00 horas ou às 13:00 ao fim de semana.

Finalmente, dentro de 53 dias (03 de maio), os restaurantes, cafés e pastelarias possam funcionar sem limite de horário, mas com a lotação limitada a um máximo de seis pessoas ou a 10 em esplanada e todas as modalidades desportivas e os ginásios deixam as restrições, assim como grandes eventos exteriores ou eventos interiores, como casamentos e batizados, estes com metade da lotação máxima.

O primeiro-ministro socialista vincou que as medidas da reabertura serão revistas sempre que Portugal ultrapassar os “120 novos casos por dia por 100 mil habitantes a 14 dias” ou que o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 ultrapasse 1.

Lusa/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Rafaela Rosário: “A literacia em saúde organizacional pode ser muito relevante para promover a saúde em crianças”

No II Encontro de Literacia em Saúde em Viana do Castelo, a investigadora Rafaela Rosário apresentou os resultados de um estudo pioneiro desenvolvido em escolas TEIP – Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, instituições localizadas em contextos socioeconomicamente vulneráveis que recebem apoio específico do governo para combater o insucesso escolar e a exclusão social. A investigação demonstrou como uma abordagem organizacional, envolvendo professores, famílias e a própria comunidade escolar, conseguiu reverter indicadores de obesidade infantil e melhorar hábitos de saúde através de intervenções estruturadas nestes contextos desfavorecidos

Coimbra intensifica campanha de vacinação com mais de 115 mil doses administradas

A Unidade Local de Saúde de Coimbra registou já 71.201 vacinas contra a gripe e 43.840 contra a COVID-19, num apelo renovado à população elegível. A diretora clínica hospitalar, Cláudia Nazareth, reforça a importância da imunização para prevenir casos graves e reduzir hospitalizações, com mais de 17 mil doses administradas apenas na última semana

Coimbra intensifica campanha de vacinação com mais de 115 mil doses administradas

A Unidade Local de Saúde de Coimbra registou já 71.201 vacinas contra a gripe e 43.840 contra a COVID-19, num apelo renovado à população elegível. A diretora clínica hospitalar, Cláudia Nazareth, reforça a importância da imunização para prevenir casos graves e reduzir hospitalizações, com mais de 17 mil doses administradas apenas na última semana.

Vírus respiratórios antecipam época de maior risco para grupos vulneráveis

Especialistas alertam para o aumento precoce de casos de rinovírus, adenovírus e VSR, que afetam sobretudo idosos e doentes crónicos. A antecipação da vacinação contra a gripe e a adoção de medidas preventivas simples surgem como estratégias determinantes para reduzir complicações e evitar a sobrecarga dos serviços de urgência durante o pico epidémico.

Sword Health assume liderança do consórcio de inteligência artificial do PRR

A Sword Health é a nova entidade coordenadora do Center for Responsible AI, um consórcio financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, substituindo a Unbabel. A startup afirma ser atualmente a que mais investe no projeto, com uma taxa de execução de 76% a oito meses do prazo final. O cofundador, André Eiras, adianta que a transição, já aprovada pelo IAPMEI, confere à tecnológica portuguesa maior responsabilidade na liderança de projetos das Agendas Mobilizadoras

Consórcio de IA atinge 80% de execução com 19 produtos em desenvolvimento

O consórcio Center for Responsible AI, liderado pela Sword Health, revela que 80% do projeto financiado pelo PRR está executado, restando oito meses para concluir os 19 produtos em saúde, turismo e retalho. Investimento realizado supera os 60 milhões de euros, com expectativa de gerar mais de 50 milhões em receitas até 2027.

Montenegro confiante na ministra da Saúde apesar de partos em ambulâncias

O primeiro-ministro manifestou-se incomodado com a ocorrência de partos em ambulâncias, um problema que exige uma análise sistematizada. Luís Montenegro garantiu, no entanto, confiança total na ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e afastou qualquer ligação destes casos a ineficiências do SNS. O executivo promete empenho no reforço dos serviços de urgência e da acompanhamento obstétrico

INSA reclama atualização de estatutos para travar “disfuncionalidade organizacional”

O presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Fernando de Almeida, apelou hoje, na presença da ministra da Saúde, para uma revisão urgente dos estatutos e do modelo de financiamento da instituição. Considera que o quadro legal, inalterado desde 2012, está desatualizado e compromete a capacidade de resposta em saúde pública, uma situação apenas colmatada pelo “esforço coletivo” dos profissionais, como demonstrado durante a pandemia

Médicos do Amadora-Sintra descrevem colapso nas urgências

Trinta médicos do serviço de urgência geral do Hospital Amadora-Sintra enviaram uma carta ao bastonário da Ordem a relatar uma situação que classificam de insustentável. Denunciam o incumprimento crónico dos rácios de segurança nas escalas, com equipas reduzidas e pouco diferenciadas, um cenário que resulta em tempos de espera superiores a 24 horas e que compromete a dignidade da prática clínica e a segurança dos utentes

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights