Relatório indica que risco de tuberculose é quatro vezes superior entre imigrantes

24 de Março 2021

As comunidades de imigrantes em Portugal têm um risco quatro vezes maior de infeção por tuberculose do que a média nacional, alerta o Relatório de Vigilância e Monitorização da Tuberculose em Portugal, publicado esta quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o documento elaborado a partir da ação do Programa Nacional para a Tuberculose, que analisou os dados referentes a 2018 e 2019, as comunidades imigrantes tiveram em 2019 uma taxa de notificação da doença de 83,7 casos por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional não foi além de 18 casos por 100 mil habitantes.

A taxa de notificação elevada reflete-se também num aumento gradual do peso destas comunidades nos casos registados no país, ao representar 24,6% do total de casos em 2019 (21,3% em 2018).

Em termos de distribuição por países de origem, há uma notória predominância da doença em imigrantes provenientes de países de língua portuguesa. “Angola é o país que mais contribui para o número de casos de tuberculose em imigrantes (109 casos em 2019 e 104 casos em 2018), seguido de Guiné-Bissau (86 casos em 2019 e 59 casos em 2018) e Cabo Verde (58 casos em 2019 e 40 casos em 2018)”, pode ler-se no relatório.

A incidência da tuberculose nas comunidades de imigrantes está fortemente centrada no distrito de Lisboa, que representou nos dois anos em análise mais de 50% dos casos. Do total de 454 casos nesta comunidade em 2019, 276 foram notificados no distrito de Lisboa, sendo que em 2018 foram registados 243 casos, num agregado nacional de 402 casos.

Na estratificação por fatores sociais associados à doença realizada pelo relatório – que identifica a dependência de álcool ou de drogas, situação de sem abrigo, residência comunitária ou imigrantes como os cinco principais determinantes -, as comunidades imigrantes destacam-se claramente no distrito de Lisboa, ao corresponderem a pelo menos 40% em 2018 e 2019.

Os imigrantes registam ainda um tempo mediano entre o início de sintomas e o diagnóstico da doença ligeiramente superior à média nacional, uma situação que já perdura desde 2017. Em 2019, este indicador situou-se nas comunidades de imigrantes em 76 dias (74 para a restante população), enquanto em 2018 chegou a atingir os 86 dias (78 para a restante população). No distrito do Porto, a situação é diferente, com um peso superior da dependência do álcool.

LUSA/HN

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