Índia poderá retomar exportações da AstraZeneca até junho

6 de Abril 2021

A maior empresa fabricante de vacinas do mundo, com sede na Índia, anunciou que poderá reiniciar as exportações do fármaco desenvolvido pela AstraZeneca até junho, se as novas infeções de Covid-19 diminuírem no país.

Contudo, numa entrevista à agência Associated Press, o líder da Serum Institute of Índia, Adar Poonawalla, advertiu que um aumento continuado de novos contágios com o novo coronavírus no seu país pode resultar em novos atrasos nas entregas das vacinas.

A empresa é um fornecedor importante do programa Covax, apoiado pelas Nações Unidas, que visa distribuir vacinas de forma equitativa no mundo.

Em 25 de março, o Covax anunciou um sério revés no seu fornecimento de vacinas, quando um aumento nos casos de covid-19 na Índia obrigou o Serum Institute of India a dar uma resposta às necessidades internas, que resultou num atraso nas remessas globais de até 90 milhões de doses.

Desde então, as novas infeções diárias na Índia quase duplicaram em número, com o maior pico num único dia de mais de 100 mil novos casos na segunda-feira.

A Índia inicialmente imunizou os mais vulneráveis, mas ampliou o programa de vacinação para todas as pessoas com mais de 45 anos, em 01 de abril, por causa do aumento de casos.

Este aumento da procura interna forçou a suspensão das exportações de vacinas e Poonawalla admitiu que a sua empresa decidiu dar prioridade às necessidades domésticas, “temporariamente, por dois meses”, esperando depois reiniciar a distribuição externa.

Ainda assim, o presidente executivo da empresa produtora de vacinas teme cenários pouco auspiciosos.

“Estou com medo do que … teremos que fazer e do que acontecerá (se houver um aumento de casos de infeção na Índia)”, disse Poonwalla, que reconhece a “pressão sobre as obrigações contratuais” de fornecer vacinas para outros países, confessando ter recebido chamadas telefónicas de vários chefes de Estado.

“Tive de explicar educadamente a todos a situação”, explicou o presidente executivo do Serum Institute of India, acrescentando que a maioria dos líderes mundiais entendeu a situação.

“O nacionalismo está a acontecer … até certo ponto, em todos os lugares”, disse Poonawalla, apontando como exemplo os controlos de exportação de vacinas impostos pela Europa e a ativação nos Estados Unidos da Lei de Produção de Defesa para evitar a exportação de matérias-primas críticas necessárias para aumentar a fabricação de vacinas.

Para Poonawalla, a indisponibilidade dessas matérias-primas pode prejudicar a produção de uma outra vacina que está a ser produzida pelo Serum Institute of India, a Novavax, que ainda está a ser testada naquele país.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.862.002 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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